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O pintor inglês Glynn Uzzell, de 84 anos, é uma das vítimas mortais da explosão de gás que esta manhã, pelas 7h40, destruiu quase por completo da sua casa na Caramujeira/Vale d’El Rei, onde vivia desde 1979.

A outra vítima é o seu companheiro de longa data Paul Fonck, de 73 anos, de nacionalidade luxemburguesa, que era, segundo Ludmilla, a empregada doméstica russa, um professor universitário de Línguas.

A morte trágica de Glynn Uzzell chocou vizinhos e amigos, portugueses e estrangeiros, já que ele era uma pessoa «reservada, mas muito simpática e querida», como disse ao Sul Informação a senhora que lhe ficava com o pão todos os dias e que o conhecia há décadas.

O artista tinha o seu ateliê de pintura e gravação instalado na «Casa do Pavão», perto da Caramujeira e da Praia da Marinha.

A violência da explosão foi tal, que grande parte da casa, antiga e construída com grossas paredes de taipa e pedra, caiu, soterrando as duas vítimas. O telhado, uma estrutura de madeira, coberta com isolamento e telha, foi completamente arrancado e voou por cima dos pinheiros, indo aterrar no jardim da casa vizinha.

Os destroços da explosão ficaram espalhados por um raio de mais de 200 metros, havendo pedaços do telhado pendurados nas árvores, na sua maioria pinheiros, das redondezas.

A explosão foi ouvida a cerca de cinco quilómetros, na cidade de Lagoa.

 

Quem era Glynn Uzzell?

Glynn Uzzell nasceu na cidade inglesa de Swindon, em 1930. Depois de estudar na sua terra natal e em Londres, mudou-se para Genebra, na Suíça, em 1957, para ensinar na International School of Geneva.

Em 1961 foi premiado no «Salão dos Jovens», devido à sua primeira exposição individual no Museu de l’Athenée, em Genebra.

Em 1964, abriu, com Robert Herensperger, a Galeria Contemporaine em Carouge, Genebra, que tinha como objetivo promover o trabalho de artistas jovens a preços razoáveis. A Galeria funcionou com sucesso durante 30 anos.

Em 1965, Glynn estudou gravura na Art Student’s League, em Nova Iorque, e em 1966 trabalhou com William Hayter, no Atelier 17, em Paris.

Em 1967, foi-lhe pedido que ajudasse a instalar e a supervisionar o Centro de Gravura de Genebra, uma oficina de impressão/gravura financiada pelo Estado e organizada pelo Cabinet des Estampes.
Em consequência, fez uma exposição individual chamada «Catalogue Raisonné», no Museu de Arte e de História daquela cidade suíça.

No início dos anos 70, com os outros três membros da Faculdade de Artes da Escola Internacional de Genebra, produziu o primeiro programa de Arte/Design para o International Baccalaurate. Ensinou os primeiros quatro alunos desse curso e depois, quando os exames passaram a ter um âmbito mais alargado, tornou-se examinador em escolas da Suíça, Alemanha, Espanha e Portugal. Tendo mesmo chegado a ser nomeado como examinador chefe.

O ateliê de Glynn Uzzell, que ficou destruído pela explosão

Mas, nessa altura, como Glynn Uzzell escreve na curta autobiografia publicada no seu site, «nessa altura, decidi que a minha carreira como pintor e gravador era mais importante para mim e, em 1979, deixei tudo para me mudar para Portugal, onde estabeleci o meu estúdio e oficina de impressão, numa casa de campo recuperada na Caramujeira para me concentrar no meu próprio trabalho».

Desde então, o artista expôs na Suíça, na Alemanha, incluindo nas Feiras Internacionais de Arte de Basileia, Colónia e Düsseldorf. Expôs também em Portugal, onde teve uma longa relação com o Centro Cultural de São Lourenço, em Almancil, onde costumava apresentar uma exposição todos os anos.

Recentemente, e com o fecho do Centro Cultural de São Lourenço, o artista britânico estava também representado na galeria Arte Algarve, em Lagoa.

 

As fotos (de Glynn Uzzell) são da autoria de: Bruno Filipe Pires

As restantes fotos do ateliê são do site do malogrado artista.

 

 

 

 

sulinformacao

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