A nova estrada para a Pedra Mourinha, construída no tempo recorde de 72 horas para substituir o acesso através da rotunda da V6, cortado devido ao colapso de um coletor de esgotos, vai abrir esta tarde, ainda a tempo de servir os milhares de moradores dessa zona da cidade de Portimão na hora de ponta do final do dia de trabalho.
A nova estrada tem cerca de 200 metros e liga a V6, junto à GNR, à Rua da Pedra Mourinha, passando pelas traseiras do concessionário da Mercedes. Depois de pintada a sinalização horizontal no alcatrão acabadinho de colocar, a estrada abrirá por volta das 17h00 desta quarta-feira.
O coletor de esgotos, propriedade da empresa Águas do Algarve, colapsou por volta das 19h00 de sábado, abrindo um buraco no pavimento mesmo junto à chamada rotunda da Pedra Mourinha, na V6.
Devido ao perigo de o buraco se alargar e poder causar estragos ou vítimas, a Câmara de Portimão teve de cortar o acesso à Pedra Mourinha, uma das zonas mais densamente povoadas do concelho. Na segunda-feira e ontem, instalou-se o caos no trânsito, com longas filas de espera, sobretudo na zona dos Três Bicos, já que os acessos alternativos ficaram entupidos de carros.
«Logo na madrugada de domingo estive no local e decidi que se iria avançar com a construção da estrada alternativa, o mais rapidamente possível», disse a presidente da Câmara Isilda Gomes ao Sul Informação.
«Na hora, tomámos a decisão: logo que me disseram que havia a hipótese de abrir uma estrada alternativa, dei imediatamente ordem para avançar. No domingo, já a obra estava no terreno», acrescentou a autarca, que fez ainda questão de agradecer aos «trabalhadores que foram trabalhar no domingo» para ajudar a resolver, de forma provisória, o problema do acesso. «Estamos a trabalhar a 200 à hora!»
«Não faz sentido nenhum obrigar as pessoas a andar a serpentear pelos acessos alternativos, por isso esta nova estrada tinha de avançar e rapidamente. Para os habitantes locais é um grande transtorno, mas até sabem quais os caminhos a usar. Mas os turistas não fazem a menor ideia de onde devem passar», sublinhou.
Isilda Gomes disse ainda que, dentro do azar desta rotura em pleno Verão e numa zona crucial para o trânsito na cidade, acabou por haver alguma sorte. «Tivemos a sorte de ter ali aquele terreno, que é um loteamento industrial, e a estrada usa terrenos da Câmara, só afetando a extrema de um proprietário», mesmo na ligação com a V6.
O investimento na estrada foi garantido mais ou menos a meias pelo Município, que colocou a mão de obra e é responsável por toda a sinalética, e a empresa Águas do Algarve, que pagou o alcatrão.
Entretanto, os desvios estão assinalados por placas e, por vezes, com as direções escritas em folhas de papel A3, algumas delas pouco visíveis. Mas a autarca garantiu que haverá um reforço da sinalização, aquando da abertura do novo acesso esta tarde.
Além dos milhares de moradores, trabalhadores e clientes das empresas situadas na Pedra Mourinha e zonas adjacentes, o corte do trânsito afeta também, de modo direto e imediato, os comerciantes que têm lojas junto à rotunda – nomeadamente uma empresa de materiais de construção, outra de peças para automóveis, uma drogaria, uma loja de artigos para bebés e crianças, um café, entre outras. Para tentar minimizar o problema, a Câmara de Portimão já colocou placas, a indicar o acesso alternativo para essas lojas.
Entretanto, a empresa Águas do Algarve, cujos técnicos estão a trabalhar no problema desde que o coletor colapsou, avançou com uma ligação provisória dos esgotos, que estão a ser bombados para outro coletor. Mas falta resolver o problema do coletor principal, que abateu.
Teresa Fernandes, porta-voz das Águas do Algarve, disse ao Sul Informação que a empresa está a «envidar todos os esforços para corrigir a situação, no menor espaço de tempo e causando o mínimo de transtornos para todos».
«Os nossos serviços estão a analisar as melhores propostas para proceder à reparação», que avançará para o terreno «no mais curto espaço de tempo», acrescentou.
Teresa Fernandes admitiu a pouca sorte de a rotura ter acontecido agora, no Verão, adiantando que a Águas do Algarve até já tinha identificado a necessidade de reformular aquele túnel coletor de esgotos, que foi construído há 45 anos pela Câmara de Portimão (em 1971). Aliás, ainda na semana passada a empresa tinha lançado concurso para a reformulação do túnel. Mas o colapso acabou por acontecer antes de haver tempo para fazer as obras e agora a intervenção terá de avançar de emergência.
«É uma situação muito desagradável e por isso mesmo estamos a fazer o melhor possível para resolvê-la no mais curto espaço de tempo. Mas arranjar uma boa solução não é em dois dias…», avisou a porta voz da empresa.
Quanto ao tempo que a reparação poderá levar, para já Teresa Fernandes diz que não há ainda uma «estimativa». «Só quando se decidir qual a solução a adotar é que poderemos avançar com um prazo».
Mas, segundo disse a presidente Isilda Gomes ao nosso jornal, as perspetivas não são as melhores: «não há a menor ideia do tempo que vai demorar a reparação daquele coletor. Pode ser um mês, podem ser meses…»
Apesar do transtorno, a partir desta tarde haverá pelo menos um acesso alternativo para o trânsito, construído em tempo recorde.
Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação