A Portinado abdicou, esta época, da participação na 1ª Divisão do Campeonato Nacional de Polo Aquático Masculino, ao fim de uma década e após três títulos nacionais, devido à «falta de garantia de apoios financeiros e de patrocínios».
A direção do clube sediado em Portimão esclarece que, «sendo a Portinado a única equipa existente no Sul do país», já que a maioria dos participantes naquele campeonato estão situados no Norte, com exceção do Sporting e da Amadora, isso acarreta despesas incomportáveis, de deslocações, combustível e alojamento, nas últimas duas épocas quase exclusivamente suportadas por «receitas internas» do clube.
«Tentámos ainda, junto das instâncias responsáveis, propor algumas alterações ao regulamento, que permitissem aligeirar o esforço financeiro dos clubes. Infelizmente, as nossas pretensões não foram acatadas em tempo útil».
Nesta época de 2013/2014, além da Portinado, desistiu ainda da 1ª Divisão outro clube histórico e várias vezes campeão, o Salgueiros, do Porto.
«Assim, a nossa pretensão para a presente época será participar apenas na 2ª Divisão Nacional, que, ao realizar-se em duas zonas (Sul e Norte), implicará custos significativamente inferiores aos do Campeonato da 1ª Divisão», esclarece ainda a direção.
Por outro lado, isso garantirá também, «aos jogadores que estão ligados às seleções nacionais, a possibilidade de participarem num quadro competitivo».
A Portinado continuará igualmente «a desenvolver a escola de polo aquático, bem como a manutenção das equipes de infantis e juvenis, participando nas provas que constituem o calendário nacional, onde, ao longo dos anos, nos temos vindo a afirmar, conseguindo bons resultados».
No esclarecimento publicado no seu site, o clube de Portimão recorda que, «quando, em 1999, a direção da Portinado decidiu apostar na contratação de um treinador estrangeiro, tinha como ambição a formação de uma equipa competitiva, que pudesse ser promovida rapidamente à 1ª divisão e que em alguns anos liderasse o do polo aquático em Portugal».
«Se a subida à 1ª divisão aconteceu logo no primeiro ano de trabalho do então jovem treinador/jogador Evghenii Trubetcoi, não se esperaria, no entanto, que em tão pouco tempo a Portinado pudesse estar a disputar os lugares cimeiros e a fazer frente ao Salgueiros, equipa que durante 12 anos dominaria a modalidade em Portugal».
Durante uma década, recorda a direção do clube, a Portinado participou por três vezes em competições europeias (Euroliga e Len Trofy), conquistou três títulos do Campeonato Nacional, duas Taças de Portugal, quatro títulos de vice campeã, vários títulos em juvenis e Infantis e passou a ser um dos clubes que mais jogadores forneceria para as seleções seniores e seleções jovens.
«Todos estes êxitos alteraram o panorama do polo aquático em Portugal e trouxeram para o Algarve os primeiros títulos nacionais. Fizeram também de Portimão, uma cidade sem tradição na modalidade, uma referência desportiva em todo o país».
A direção da Portinado recorda os responsáveis por esses sucessos: «os atletas e o treinador Evghenii; os sócios; a direção, pelas opções que tomou; várias empresas que colaboraram de forma expressiva com o projeto; a Junta de Freguesia de Portimão; e mais significativamente a autarquia de Portimão, que, de forma inteligente, cedeu a gestão da piscina municipal à Portinado, para uma melhor dinamização da instalação e das modalidades e, durante vários anos, apoiou incondicionalmente o desenvolvimento da modalidade através de contratos programas».
No entanto, «e fruto da crise severa que o país mergulhou no últimos anos», o apoio das empresas «desapareceu» e os subsídios da autarquia «foram interrompidos», ficando a modalidade a ser suportada «apenas pelas receitas internas do clube».
As últimas duas épocas foram, por isso, «de grande sacrifício para todos». Para os atletas, «porque deixaram de poder contar com as condições mínimas de participação nas competições, sujeitando-se a longas viagem no mesmo dia dos jogos e a terem que suportar algumas das despesas com as deslocações».
Para a Portinado, que «teve que recorrer às receitas correntes para garantir as numerosas deslocações com custos significativos, em particular combustíveis, portagens e por vezes aluguer de viaturas, colocando várias vezes em risco os vencimentos dos seus perto de 20 colaboradores».
Para o treinador, que «passou a ter que lidar com toda a incerteza e com a impossibilidade de planear o futuro» e ainda para os sócios, que, «durante vários anos se orgulharam dos grandes resultados da equipa e passaram a ser confrontados com uma equipa desmotivada e sem o brilho de outros tempos».
Face a tudo isto, a decisão de não participar na principal competição de Polo Aquático, foi tomada «com grande mágoa».
«Com o fechar deste ciclo histórico para a modalidade na Portinado, decerto novas oportunidades irão surgir no futuro. O polo aquático foi sempre e continuará a ser uma importante atividade do clube, que naturalmente irá continuar», conclui a direção da Portinado, presidida por José Marques.