Nos primeiros três meses de época balnear, morreram nove pessoas em praias portuguesas, duas das quais em praias vigiadas, mais duas que em toda a época de 2011.
Cabanas de Tavira foi esta sexta-feira o local escolhido para fazer o balanço oficial dos primeiros meses de época balnear de 2012 e os números apresentados, apesar de mais negros que no ano passado, não retiram Portugal dos «lugares cimeiros do ranking mundial» de mortes por afogamento na praia.
O ministro da Defesa Aguiar Branco esteve hoje na praia de Cabanas de Tavira e, salvaguardando que cada morte é sempre uma fatalidade a mais, não deixou de fazer «um balanço positivo» do que já passou da época balnear de 2012.
No que toca a mortes por afogamento em praias vigiadas, os números só poderiam mesmo manter-se ou piorar, já que em 2011 não se registou qualquer morte em Portugal. Já os números de afogamentos em praias não vigiadas, mantem-se igual, em termos homólogos, com sete mortes em ambos os anos.
Segundo o membro do Governo, estes números colocam Portugal, que já liderou o ranking, «nos dez primeiros, provavelmente no pódio [da segurança] e com um olho no Ouro».
Já o porta-voz do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) Nuno Leitão esclareceu que ambas as mortes ocorridas em praias vigiadas se deveram ao desrespeito pelas indicações de segurança.
Um facto que já leva os responsáveis pelo salvamento nas praias a falar de mais divulgação dos perigos e melhor informação.
Essa é uma aposta prometida por Aguiar Branco para a próxima época balnear, que se irá juntar a inovações introduzidas este ano, muitas delas com o apoio de empresas privadas.
Os meios ao dispor dos operacionais do ISN foram, de resto, um dos destaques da apresentação onde também se fez o balanço da atual época balnear.
As parcerias com a Vodafone e com a Volkswagen permitiram dotar os nadadores-salvadores de meios complementares, como motas de água, motos 4×4 e carrinhas todo-o-terreno, que ajudaram a salvar vidas e a assistir milhares de veraneantes.
Segundo o diretor do ISN Costa Andrade, foram feitos, nos últimos três meses, 143 salvamentos com motas de água, 352 com motos 4×4, que também prestaram os primeiros socorros a 1028 pessoas e ajudaram a encontrar 124 crianças perdidas. Ao todo, o ISN dispõe de 10 motos de água e 22 motas 4×4, adquiridas ao abrigod e uma parceria com a Vodafone.
Outra parceria com um privado, a empresa Volkswagen, dotou o ISN de 28 carrinhas Amarok, que ajudaram a salvar 264 banhistas, dar a primeira assistência a 1042 pessoas e achar 286 crianças que se perderam.
Ainda assim, a base da estratégia nacional de segurança na praia continuam a ser os nadadores-salvadores, cuja ação permitiu salvar 637 pessoas em praias concessionadas e 206 em praias não vigiadas.
No que toca a primeiros socorros, os operacionais do ISN ajudaram 1427 pessoas e acharam 94 crianças perdidas. No final, Costa Andrade considerou que quando há mortes «é sempre mau», mas que estes números «não deixam de representar um bom resultado.
Resultados que, na visão do ministro da Defesa estão ligados «a uma partilha de recursos exemplar» existente no seio do ISN. Aguiar Branco salientou ainda as parcerias que o Instituto conseguiu implementar e fala mesmo num «modelo com dimensão exportadora», lembrando a formação que o ISN fez, recentemente, em Moçambique.
«Fazer mais, com os mesmos recursos» é, de resto, aquilo que o Ministro da Defesa preconiza para as Forças Armadas. Sem admitir que haverá cortes no orçamento para a Defesa, remetendo o assunto para depois do lançamento da proposta de Orçamento de Estado, Aguiar Branco garantiu já estar a trabalhar com as chefias militares, no sentido de conseguir alterar a estrutura militar no sentido «de racionalizar recurso e evitar redundâncias».