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IMAG0002O fenómeno extremo de vento que atingiu a Praia de Faro, na madrugada de hoje, terça-feira, não foi um tornado.

O dinamizador do site MeteoFontes Bruno Gonçalves, sócio-fundador da associação de meteorologistas amadores Troposfera, afasta a hipótese de um tornado, após a análise das imagens de radar, apontando como provável a ocorrência de um fenómeno conhecido por downburst.

Bruno Gonçalves revelou ao Sul Informação que as imagens de radar da ocorrência demonstram que o «sistema convectivo pouco organizado» que atingiu a zona Poente da Praia de Faro «não tinha caraterísticas de mesociclone», o que significa que não se tratou de um tornado.

Este aglomerado de nuvens, teria associados «ventos em linha reta», o que leva Bruno Gonçalves a considerar que se tratou, «muito provavelmente, de um downburst». Testemunhos de moradores dão conta de rajadas que podem ter atingido os 140 quilómetros por hora.

Já o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, num comunicado, fala num «episódio de vento forte na região ocidental da Praia de Faro, durante o qual se verificou alguma destruição» e confirmou que não se tratou de um tornado.

«Naquele período, uma superfície frontal fria bastante ativa afetava a região de Faro, no seu deslocamento para Este. A análise das observações do radar Doppler de Loulé/Cavalos do Caldeirão não permitiu identificar qualquer estrutura convectiva causadora de fenómeno do tipo tornado na região», revelou o instituto público.

Os primeiros relatos do evento, que apontaram para a ocorrência de um tornado, acabam, ainda assim, por ser justificados, já que é fácil confundir um downburst com um tornado. Mas há uma diferença: o tornado tem movimentos verticais e de sucção, enquanto no outro fenómeno os movimentos são horizontais, os tais ventos em linha reta.

Em termos técnicos, um downburst é um movimento de ar descendente organizado, que tende a acelerar à medida que desce, devido ao arrefecimento evaporativo.

Quando o movimento sente o solo espraia-se em várias direções, radialmente, a partir do ponto de incidência no solo ou, por vezes, numa direção predominante. Ainda assim, produz ventos intensos que podem exceder os 100 quilómetros por hora, podendo causar danos tão avultados como nos tornados.

A ocorrência deste tipo de fenómeno é relativamente comum, embora nem sempre haja danos a registar ou, pelo menos, relatos nesse sentido. Em 2010, foi um downburst que causou diversos danos em infraestruturas, na Praia do Vau, em Portimão, evento que foi amplamente noticiado, na altura.

(Atualizada às 16h40 com informação oficial do IPMA)

sulinformacao

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