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Aconselhar alguém a usar mais sal, porque faz bem, podia ser visto como uma brincadeira de mau gosto. Mas pode muito bem começar a ser um conselho muito ouvido, quando relacionado com o sal marinho líquido que a Cooperativa «Terras de Sal» de Castro Marim lançou recentemente no mercado.

Este produto inovador, desenvolvido na região, tem uma concentração de sódio 5 vezes menor do que o sal e a flor de sal industrial, o mais usado, associada a uma concentração de magnésio 20 vezes mais elevada.

E é tudo natural, feito a partir do sal e flor de sal com características únicas que se produz nas salinas existentes no sapal de Castro Marim, sem qualquer tipo de aditivos.

Ou seja, o seu aparecimento é uma boa notícia para doentes crónicos, cujas maleitas condicionem o uso de sal, mas também para os que se preocupam mais com o equilíbrio das suas dietas.

«Temos um produto que pode ser competitivo, nomeadamente no ramo da comida saudável, tendo muito em atenção aquilo que são os grupos de risco, os atletas de alta competição, os nossos idosos, as nossas grávidas e grupos que tenham algumas carências de sais minerais. Pode ser uma boa solução», disse ao Sul Informação o diretor de operações da cooperativa Luís Rodrigues.

A própria apresentação e forma de usar este produto é diferenciada do demais sal no mercado. O sal é diluído em água e vendido numa garrafa com um doseador em spray (por exemplo, como o de muitos protetores solares), o que permite saber «exatamente a dose que estamos a aplicar». Desta forma, cada qual pode testar o produto e acertar a dosagem ao seu gosto e necessidades.

Até porque, apesar de ser saudável, «este sal não deixa de dar sabor». «Consegue é intensificá-lo, sem ser única e exclusivamente pelo cloreto de sódio. Ou seja, os sulfatos e cloretos de magnésio, conseguem explorar aquilo que são o sabores naturais dos alimentos, destacando-os», explicou Luís Rodrigues.

O sal líquido de Castro Marim já começou a ser comercializado e já pode ser encontrado nas prateleiras de diversos estabelecimentos comerciais, em Portugal, através de um parceiro comercial da cooperativa, presente nas grandes superfícies.

A Cooperativa, por seu lado, apostou em internacionalizar este e outros dos seus produtos e criou a marca «Raw» (ver abaixo), que já está a ser vendida na Alemanha, mercado que se rendeu com rapidez ao caráter inovador do produto e às suas caraterísticas.

«Nós exploramos três continentes. Há já 12 países para os quais conseguimos exportar e estamos a chegar a outros. A Alemanha é um dos locais para onde mais exportamos e, certamente, vamos tentar explorar ao máximo esses mercados com este novo produto», revelou.

 

«Terras de Sal» exige menção a Castro Marim mesmo quando embala para outros

Tudo isto resulta de uma estratégia da «Terras de Sal», que procura cada vez mais valorizar a proveniência do seu produto e associá-la a qualidade. Os produtores de sal e flor de sal de Castro Marim nem sempre conseguiram que a origem dos produtos que vendiam fosse creditada, mas hoje exigem que o nome do concelho esteja sempre presente.

«No início, o nosso negócio estava muito suportado em poucos clientes. E havia alguns que tinham um peso muto grande na cooperativa, mas que não zelavam pelo nome de Castro Marim. Isso levou-nos a alargar a nossa carteira de clientes, que é agora muito maior e Castro Marim passou a ser uma menção obrigatória, tanto na nossa embalagem, como quando embalamos para outros clientes», explicou o diretor de operações da cooperativa.

Os produtos da «Terras de Sal» podem hoje ser encontrados nos mais diversos estabelecimentos, desde grandes superfícies a lojas gourmet. «Temos diversas linhas. Já tínhamos a linha “Castro Marim: Mais tradicional, mais artesanal» e temos agora a Raw, que também vem com a nossa flor de sal premium. Na safra total, escolhemos um lote que é dedicado exclusivamente a esta linha, tanto de flor de sal como de sal tradicional. Esta nova gama é mais orientada ao Gourmet», contou.

Luís Rodrigues falou com o nosso jornal à margem de uma visita que o reitor da Universidade do Algarve António Branco fez a Castro Marim, acompanhado pelo executivo camarário local, que passou na «Terras de Sal». Um contacto com a instituição onde se formou em Engenharia Biotécnológica, que faz pensar na colaboração que é possível ter com a universidade.

«No futuro, queremos explorar mais aquilo que é a nossa carência, que é o abrir mais caminhos para o escoamento do produto. Um objetivo é, claramente, garantir o escoamento de todo o produto dos nossos cooperantes e, também, criar novos produtos, quiçá com a parceria da UAlg, como por exemplo meios de aproveitar as lamas das salinas para cosméticos e outros», concluiu.

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