Uma maternidade de ostra portuguesa foi a ideia vencedora da quarta edição do concurso «Ideias em Caixa», cujos resultados foram anunciados na sexta-feira. O projeto «Angulata» foi aquele que recebeu o prémio monetário, no valor de 4800 euros, além dos diversos prémios, iguais para os promotores das 24 ideias que venceram o concurso.
A sessão final do «Ideias em Caixa» 2013 motivou mais uma surpresa, a juntar a outras que foram surgindo ao longo da iniciativa. Em vez dos 15 inicialmente previstos, foram considerados vencedores do concurso 24 promotores e atribuídas 17 menções honrosas. As muitas e boas ideias que foram apresentadas, nesta edição, a isso obrigaram.
Os nomes dos premiados, escolhidos de um lote de 50 finalistas (também aqui estava inicialmente previsto que fossem apenas 30), foram anunciados durante a sessão final do ciclo de debates «Made in Algarve», dinamizados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, onde foram dados a conhecer empreendedores e empresas algarvias.
De entre os muitos premiados, os que acabaram por ter mais razões para festejar foram os jovens Márcia Santos e Maurício Namora, promotores do «Angulata». Ela é Bióloga Marinha, com mestrado em Aquacultura , ele encontra-se a concluir esta licenciatura na Universidade do Algarve e tiveram a ideia de criar semente de ostra portuguesa, uma espécie que, apesar de endémica e muito apreciada, não é muito produzida, em parte pela dificuldade de encontrar juvenis.
«Atualmente, em Portugal, estamos a produzir, essencialmente, ostra do Pacífico. Antigamente, era a ostra portuguesa que dominava a ostricultura nacional e nós gostaríamos que voltasse a ser assim. Sabemos que é possível e foi a partir daí que tivemos a nossa ideia de negócio», revelou Márcia Santos.
Além de «valorizar um produto inteiramente nacional e evitar o cultivo de espécies não nativas», este projeto terá como mais-valias «diminuir as importações e aumentar as exportações de ostra», segundo os promotores do projeto.
«Hoje em dia, os ostricultores estão a importar semente de ostra, a engordá-la em Portugal e a vendê-la ao estrangeiro. Nós gostávamos de inverter essa tendência. A ostra portuguesa é um produto muito mais apreciado, que outras variedades, nomeadamente pelos franceses», garantiu Márcia Santos.
Maturidade da ideia valeu o primeiro prémio
Apesar de ambos os promotores serem ainda bem jovens, a ideia de negócio que apresentaram está já bem definida, razão que levou o júri a escolhê-la como a vencedora.
«Dentro daqueles que eram os critérios de avaliação, resultou como diferenciação aquilo que é um projeto muito bem estruturado, apresentado por promotores jovens, capazes e dinâmicos. Achámos que a ideia de negócio Angulata é muito relevante para a região. O potencial de valorização dos recursos endógenos, mas também de aumento da competitividade da região e dos seus produtos, fez a diferença», revelou Hugo Barros, diretor do CRIA-Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve, que dinamizou o «Ideias em Caixa».
«Já temos a ideia bem definida e a perspetiva de criar uma empresa. Não posso dizer que a ideia está em stand by, mas, como é óbvio, estivemos a aguardar o resultado deste concurso», referiu Maurício Namora.
«Queremos criar a empresa e começar a trabalhar o mais depressa possível. É claro que, para isso, teremos de ir à procura de financiamento. O próximo passo é a criar um Plano de Negócios, garantir financiamento e começar a operar o mais rápido possível», acrescentou.
O prémio monetário que o projeto «Angulata» recebeu será uma ajuda preciosa, neste campo. «Isto vai permitir que um de nós se dedique a tempo inteiro ao projeto. Há que elaborar o Plano de Negócios, fazer estudos de mercado. Dar-nos-á independência, durante algum tempo, para nos dedicarmos exclusivamente ao projeto», disse Maurício, que ainda está a terminar a sua licenciatura. Márcia já concluiu o mestrado em Aquacultura e está a trabalhar.
Quanto ao valor que necessitarão para colocar o projeto de pé, há «previsões», mas os dois jovens preferem não se comprometer com um número, pois ainda há variáveis por definir que os fazem subir ou descer. A localização do projeto é um dos fatores ainda por definir.
«Sabemos as caraterísticas do local em que queremos instalar a maternidade e temos já algumas propostas de locais. Ainda estamos a estudar. Teremos de ter um edifício fechado, com um ambiente bastante controlado», descreveu Márcia Santos.
Foram 24 os potenciais negócios que venceram o «Ideias em Caixa» 2013
Além do «Angulata», houve outros 23 projetos vencedores da edição deste ano do «Ideias em Caixa». Aqui, a única divisão que foi feita foi entre os 15 primeiros, no qual se inclui a maternidade de ostra portuguesa e os promotores que ficaram entre a 16ª e a 24ª posição.
Os promotores de todos estes projetos terão agora direito a coaching empresarial, ao desenvolvimento da imagem corporativa, a serviços de web design, a alojamento e registo de domínio (1 ano), incubação virtual, apoio contabilístico (6 meses) e registo de associado da ANJE (1 ano).
Nos quinze primeiros, contam-se ainda os seguinte projetos: «Algarve Trail Running», «Energy Click», «Green Salt», «Hefesto System», «Likecork», «Linha de produtos de Alto desempenho p/ desportos radicais em cortiça», «Makefish», «Nine Finger Technology», «Ouro do Algarve», «Psitube», «Shrimppo» «Santa Luzia Coop», «Sunset Eco Hostel» e «Usmart».
O «Ideias em Caixa», que integra o projeto «Algarve 2015 │ Empreender e Inovar+», financiado pelo PO Algarve 21, tem como parceiro o NERA. A Caixa Geral de Depósitos é um dos principais apoiantes do projeto da UAlg.