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Fortalecer as cooperativas do espaço do mediterrâneo, aumentando a sua competitividade a nível internacional, ao mesmo tempo que promove o desenvolvimento local, é o grande objetivo do projeto ICS, inserido no programa europeu MED, do qual a Universidade do Algarve através do CRIA-Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia é um dos parceiros nacionais.

O projeto está na fase final e deixou a semente para que o tecido económico de região possa crescer e tornar-se mais competitivo. No caso algarvio, foram também envolvidas associações e empresas, dado o escasso número de cooperativas.

O «ICS – As PME e a Economia Cooperativa para o Desenvolvimento Local» aposta na inovação, na competitividade, nos clusters e na internacionalização, centrando-se nos setores da Agricultura, do Turismo, das Pescas e do Ambiente. Nele estão envolvidas dez entidades de cinco países (Portugal, Espanha, França, Itália e Grécia) e há outro parceiro português, o Instituto Pedro Nunes.

No fundo, como descreve o CRIA, os «oito Grupos de trabalho transnacionais, constituídos por atores-chave (públicos e privados) de cada região participante» pretendem «encontrar um modelo de “clusterização” para as cooperativas MED».

A coordenadora do projeto ICS Eurídice Cristo no CRIA e Lélia Madeira da Tertúlia Algarvia estiveram à conversa com o CRIA FM, na Rádio Universitária do Algarve RUA FM, para fazer o balanço do projeto.   

«Este projeto está a dar frutos. O ICS não tem soluções milagrosas para os problemas, mas abre possibilidades para se começar a fazer alguma coisa e dar oportunidades às empresas e coletividades locais para explorar alguns caminhos», resumiu Eurídice Cristo.

«O balanço é bastante positivo, o projeto até excedeu as minhas expetativas pessoais. Um dos grandes frutos deste projeto é o termos conseguido criar uma associação europeia para a promoção da economia cooperativa na área do mediterrâneo, que se chama Medcoop», referiu.

Uma associação que «vai dar continuidade a muito do trabalho realizado no âmbito do ICS» e também estará ao serviço das cooperativas, empresas e associações do Algarve. Duas entidades regionais, a Tertúlia Algarvia e a In Loco, já pertencem a esta associação internacional.

O Programa Europeu MED é financiado por fundos FEDER e abrange, em Portugal, as regiões do Algarve e Alentejo. O CRIA gere diversos projetos que vão buscar verbas a este programa, muitos deles ligados à inovação e empreendedorismo, com a dinamização da economia local como objetivo principal.

Ligação entre Turismo, Agricultura e Ambiente esteve no centro das atenções

«No Algarve focámo-nos muito na ligação entre o Turismo, a Agricultura e o Ambiente, mais concretamente na promoção de produtos locais, na promoção do turismo de território, como o ecoturismo e o turismo rural, que estimulam a produção local e os serviços relacionados», explicou a coordenadora do ICS.

«Estávamos com bastante curiosidade e um pouco apreensivos, pois a economia cooperativa e, muito concretamente as cooperativas, no Algarve, não são em grande número e muitas delas têm modelos de gestão já bastante desatualizados», revelou Eurídice Cristo.

Apesar de existirem cerca de cem cooperativas registadas no Algarve, nestas três áreas, apenas cerca de 10 responderam ao contacto feito pelo CRIA.

A técnica do CRIA também salientou que «há um grande desconhecimento da parte da população em geral sobre o que é uma cooperativa». Em Portugal, o sistema cooperativo é muito associado ao setor agrícola, mas estas podem existir em praticamente todos os setores de atividade.

«Partindo destas premissas, e tendo em conta as condicionantes identificadas, nós propusemo-nos a trabalhar não só com as cooperativas, mas também – e se calhar mais ainda – com as associações e até algumas empresas», disse Eurídice Cristo.

Algumas associações algarvias vestiram a camisola

Uma associação que desempenhou um papel importante foi a In Loco, associação que tem «uma longa experiência na promoção de atividades de desenvolvimento local». Também foram contactadas diversas cooperativas, como a CACIAL e houve igualmente uma aproximação à Tertúlia Algarvia «devido à promoção que fazem dos produtos da região e de toda a cultura algarvia»

Um bom exemplo desse trabalho é o projeto Algarteca, que está a divulgar online, gratuitamente, receitas típicas algarvias, em vídeo, bem como a promover os locais onde estas pérolas gastronómicas da região tiveram a sua origem.

Apesar de se tratar de uma associação, Lélia Madeira considera que a Tertúlia Algarvia até teria vocação para ser uma cooperativa, uma vez que «a gestão é, de certa forma, feita como se fosse uma cooperativa».

«A Tertúlia começou por ser um grupo de amigos que queriam divulgar a cultura do Algarve, em particular a Gastronomia. Achámos que faria todo o sentido entrar nesta cooperativa europeia, a Medcoop, precisamente porque tem a mesma visão que nós: a de divulgar os produtos locais», explicou.

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