A Fundação Manuel Viegas Guerreiro, com sede em Querença, está a promover a constituição de uma empresa com a participação dos artesãos algarvios e designers ligados ao Projeto TASA (Tecnologias Ancestrais Soluções Atuais).
É que o TASA, que foi promovido em 2010 e 2011 pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDRA), passou agora a ser responsabilidade da Fundação. Foi na sexta-feira passada que, na sua sede em Querença, foi assinado um protocolo entre os presidentes da Fundação e da CCDRA, Luís Guerreiro e João Faria.
A empresa deverá assim surgir no universo da Fundação, como uma espécie de filha do Projeto Querença, que tem colocado esta aldeia do interior do concelho de Loulé nas bocas do mundo.
Um dos objetivos finais do Projeto Querença, que tem como parceiros a Universidade do Algarve, a Câmara de Loulé, a Junta de Freguesia local, é precisamente criar várias empresas à volta dos produtos e atividades locais. A empresa ligada ao TASA será a primeira a nascer.
João Ministro, coordenador do Projeto Querença, garantiu ao Sul Informação que os artesãos integrados no TASA recebem «encomendas todas as semanas». «Até de Berlim já recebemos encomendas e na semana passada também a loja A Vida Portuguesa, da Catarina Portas encomendou peças», acrescentou.
Mas, para dar resposta a esta procura crescente de produtos que aliam a qualidade e a beleza do artesanato a novos designs e funções, é preciso que os artesãos se constituam em empresa. É o que irá agora acontecer.
Luís Guerreiro, presidente da Fundação, salientou a importância do Projeto TASA, que promove «a renovação daquilo que é o nosso artesanato e a nossa memória. Numa sociedade globalizada onde tudo se nivela, é importante dar valor ao que representa a nossa história, os nossos costumes e valores. E o artesanato é isso».
Mas sublinhou ainda que, para que sobreviva e evolua, «é importante que o artesanato seja valorizado e comercializado, é importante criar valor económico». Uma forma de o fazer será, precisamente, através da criação de uma empresa que dê escala e enquadramento à produção e promova a sua comercialização, permitindo assim disponibilizar os produtos com regularidade e sustentabilidade.
João Faria, presidente da CCDRA, por seu lado, salientou que a diferença «entre este projeto TASA e outros aparentemente iguais é que este não passa por glorificar o passado com base numa visão otimista de que tudo era muito bom e vai sobreviver. Não vai!»
O TASA, explicou, começa antes por «partir desse passado, pegar naquilo que é passível de ser readaptado, para dar um passo decisivo na afirmação».
Alice Pisco, técnica da CCDRA que tem sido um dos principais motores do TASA, sublinha que este projeto pôs a trabalhar em conjunto os artesãos tradicionais com os jovens designers, conseguindo mesmo que os próprios artesãos trocassem experiências entre si e se ajudassem mutuamente para criar novas peças e novos usos. Pequenas vitórias que poderão traduzir-se em grandes ganhos.
Enquanto a empresa não é constituída formalmente, o pequeno stock resultante da primeira fase de produção do TASA pode ser adquirido em alguns estabelecimentos em todo o Algarve: Feitoria Portuguesa (Aeroporto de Faro), Loja do Mar Salgado (Albufeira), Moinho de Cachopo (Cachopo), Casa do Artesanato (Tavira), Black is Black (Faro), Kakao (Faro), Julio Lar (S. Teotónio), Museu do Trajo (S. Brás de Alportel), Space Invaders (Faro) e Companhia das Culturas (S. Bartolomeu – Castro Marim).
Veja aqui o vídeo promocional do Projeto TASA