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Protesto Ilhéus Reunião da Polis final 2015_11Os habitantes das ilhas-barreira da Ria Formosa até saúdam os avanços no que toca ao reconhecimento de todos os núcleos históricos, mas consideram que a proposta do PS relativa a esta zona lagunar, aprovada na sexta-feira na Assembleia da República, não foi suficientemente longe e peca por falta de clareza.

O projeto de resolução socialista aponta para uma mudança de abordagem do Programa Polis Ria Formosa, mas nem por isso deixa de falar de demolições, o que leva os ilhéus a assegurar que não irão baixar a guarda e que manterão a luta travada até agora.

«Tomámos a decisão de fazer novos protestos e, na eventualidade das providências cautelares virem a ser rejeitadas e a Sociedade Polis começar a tomar posse administrativa das habitações, nada faremos para acalmar ninguém, como temos feito até ao momento, porque nós próprios nos sentimos revoltados», garantiu o Movimento SOS Ria Formosa/Je Suis Ilhéu, que tem estado na linha da frente na contestação ao derrube de casas.

Os ativistas anti demolições chegam mesmo a congratular os deputados socialistas «pelo pedido do princípio de igualdade e reconhecimento de todos os núcleos históricos das ilhas barreira», mas avisam que para eles «não chega».

«O projeto de resolução socialista não mencionava a frase mais importante, “suspensão imediata das demolições”, e até continha um ponto que consideramos ambíguo, pela continuidade das mesmas, que consideramos ser uma réplica de uma proposta antiga do PSD, que foi reprovada pelo PS num passado bem recente. O que nos leva a questionar se algo mudou», diz o grupo de habitantes das ilhas-barreira.

Protesto Ilhéus Reunião da Polis final 2015_6

Em declarações ao Sul Informação, José Lezinho, que representa os moradores do núcleo dos Hangares da ilha da Culatra, considera mesmo que, apesar desta proposta ter sido aprovada, «continua quase tudo na mesma». «O reconhecimento dos núcleos é algo de positivo, mas a proposta não é do nosso total agrado. Nós queremos isto resolvido de vez. Há pessoas com filhos a crescer, miúdos na escola e não têm nada de sólido e concreto para o futuro», ilustrou.

A desilusão dos ilhéus, que, com a mudança de Governo e as alterações do equilíbrio de forças no Parlamento, alimentavam esperanças de ver a suspensão imediata das demolições, tem a ver com o ponto 4 da proposta do PS. É nele que surge a referência à necessidade de proceder ao derrube de casas em zonas de risco.

O Bloco de Esquerda, que à semelhança do PCP, viu ontem chumbada uma proposta onde pedia, explicitamente, a paragem do processo de demolições, ainda tentou evitar que o ponto em questão passasse, pedindo para ser votado à parte dos demais, mas os votos contra destes dois partidos, do PEV e do PAN não impediram a sua aprovação, já que os deputados do PSD/CDS-PP se abstiveram.

O SOS Ria Formosa aproveitou para elogiar o BE e o PCP. «Esses sim, foram ao encontro do que nos tinham prometido em época de eleições. Não deram uma no cravo e outra na ferradura, escrevendo preto no branco o que pretendiam sem deixar qualquer hipótese de duplas interpretações com o que poderá vir a ocorrer», referiu o movimento.

O Grupo Parlamentar do PCP reagiu ao chumbo no próprio dia e acusou o PS de falta de coerência, já que se absteve na votação da sua proposta e na do BE, que, em substância, eram muito semelhantes, o que permitiu o seu chumbo. No entanto, recordam, em Abril de 2015 os socialistas votaram a favor de uma proposta dos comunistas «que, na sua parte resolutiva, era exatamente igual» à de ontem.

«Tal atitude ziguezagueante por parte do PS é motivo de profunda preocupação por indiciar uma mudança de posição relativamente às demolições nas ilhas-barreira da Ria Formosa», defenderam os deputados comunistas.

Ilhéus comemoram decisão do Tribunal

Já o presidente da Câmara de Faro, o social-democrata Rogério Bacalhau, acusa o PS de defender algo oposto ao que defendia antes das Eleições Legislativas. «Antes, eram frontalmente contra as demolições, agora, já falam em deitar abaixo as casas que estão no domínio público», alegou, em declarações ao nosso jornal.

O edil farense personalizou as suas críticas, considerando que «houve uma inflexão da posição do PS, nomeadamente dos seus deputados que são do PS/Faro e que foram vereadores», referindo-se a Luís Graça, um dos signatários do projeto de resolução do PS (todos os deputados socialistas eleitos pela região assinaram a proposta).

Luís Graça, que falou com o Sul Informação na quinta-feira, garantiu que não houve qualquer inflexão e que o que consta da proposta «é exatamente aquilo que constava do programa eleitoral do PS». Assegurou, ainda, que nunca escondeu, nas suas conversas com os habitantes das ilhas-barreira da Ria Formosa, que teria «sempre de haver algumas demolições».

Algo que é confirmado por José Lezinho. «É verdade. O PS sempre nos avisou que teriam de vir casas abaixo, nomeadamente na zona que fica a menos de 50 metros do mar e da ria», disse o morador dos Hangares.

sulinformacao

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