A anunciada saída do Rally de Portugal do Sul gerou críticas da parte dos principais partidos da oposição, em Loulé e Faro, municípios que gerem em conjunto o Estádio do Algarve, que vinha sendo a base da prova. E, se na capital algarvia é o PS a criticar a coligação de direita no poder de falta de empenho, em Loulé a situação inverte-se, com os social-democratas a acusar o executivo PS de desinteresse em relação ao Rally.
Para já, a única autarquia que reagiu oficialmente à ida da principal prova de automobilismo que se realiza atualmente em Portugal para o Norte do país foi a autarquia louletana. Numa nota de imprensa, a câmara considera a perda da prova do Mundial de Rallies «significativa para o Algarve, não apenas do ponto de vista desportivo mas sobretudo para a economia da região, nomeadamente para o ciclo de vida económica de muitos empresários ligados à restauração e à hotelaria e similares».
«É, naturalmente, também uma perda para o nosso Concelho que viu reconhecido, pelo Presidente do ACP, Carlos Barbosa, o empenho e apoio dispensados na última edição, a ponto de ter referido que foi a melhor e a mais qualificada colaboração de sempre», acrescentou a autarquia.
Visão bem diferente tem o PSD/Loulé, que veio a público acusar o presidente da autarquia Vítor Aleixo de desinteresse em relação à prova. Os social-democratas enumeraram, numa declaração, um conjunto de alegadas atitudes do edil louletano que consideram revelar que a autarquia teve «um papel de ausente» no esforço de manutenção da prova na região.
O facto de ter saído mais cedo da conferência de imprensa de apresentação da prova, realizada no salão Nobre da Câmara Municipal, este ano, a ausência do edil do jantar oficial do Rali, com todas as entidades nacionais e internacionais, «o local ideal para se fazer “loby”» (o vice-presidente da autarquia Hugo Nunes representou a Câmara) e ainda o não ter estado presente na cerimónia de entrega dos prémios, são exemplos dados pelo PSD/Loulé. Para a oposição, o executivo «pecou pela ausência e pela falta de estratégia».
PSD/Loulé fala em “papel ausente” da autarquia, PS/Faro em “perder oportunidades por culpa própria”
Em Faro, apesar da inversão dos papéis dos dois partidos, no que ao executivo e oposição diz respeito, as críticas dos socialistas não são muito diferentes. Neste caso, a oposição fala em «perder oportunidades por culpa própria».
O PS/Faro garantiu ter confirmado que «o Presidente da Câmara Municipal de Faro e simultaneamente da Associação de Municípios Faro-Loulé, detentora do Estádio Algarve, não apresentou candidatura ao evento [edição de 2015] e nunca reuniu com o ACP manifestando, tão pouco, tal interesse».
Segundo os vereadores do Partido Socialista, na reunião do executivo municipal de10 de julho, o presidente da autarquia e também presidente da direção da Associação de Municípios Faro-Loulé Rogério Bacalhau terá esclarecido que «apenas terá reunido com o Presidente do ACP esta semana, por iniciativa daquele, para dar a conhecer a decisão de perda da prova».
Os socialistas avaliam esta situação como sendo indiciadora «de falta de empenho e desinteresse», nomeadamente dos responsáveis pelo Estádio Algarve.
O também socialista executivo camarário louletano alinha no discurso do presidente da Região de Turismo do Algarve e não dá a prova como definitivamente perdida, para o Sul. «Todos podem contar com o nosso esforço de tudo fazer para que esta Prova automobilística regresse à nossa Região e ao nosso Concelho já na sua edição de 2016, pugnando para que outras provas do calendário automobilístico do ACP, aqui venham a ocorrer», disse a autarquia.