A Assembleia Municipal de Olhão vai ter um presidente do PSD, o primeiro líder não socialista do órgão autárquico olhanense desde o 25 de Abril.
A oposição, incluindo os partidos mais à esquerda com assento no órgão, a CDU e o BE, ter-se-á unido para votar em peso a lista apresentada pelos social-democratas, encabeçada por Daniel Santana. O resultado final da votação, feita por voto secreto, foi de 14 votos para a lista vencedora contra 11 da derrotada, apresentada pelo PS.
A escolha do presidente da AM para o mandato 2013/17 foi feita, como é hábito, após a Tomada de Posse dos eleitos para os órgãos municipais de Olhão, que decorreu esta segunda-feira à noite no Auditório Municipal de Olhão. António Pina tomou posse como presidente da Câmara e optou por um discurso de apelo aos consensos. Não foi o suficiente.
Nas Eleições Autárquicas, o PS não conseguiu a maioria absoluta na Assembleia Municipal, mas, ainda assim, tinha uma vantagem confortável no número de deputados em relação à segunda força mais representada (11 do PS, 7 do PSD).
Mas a decisão, para uma ou outra das listas apresentadas, estaria sempre dependente do sentido de voto das demais forças representadas: a CDU (3 deputados), o Bloco de Esquerda (3) e os independentes do Novo Rumo (1).
Prevaleceu aquilo que, tudo indica, tenha sido um voto de protesto contra o PS, no poder em Olhão desde as primeiras eleições autárquicas democráticas pós-25 de Abril (em dezembro de 1976). Até porque a lista dos socialistas foi encabeçada pelo ex-presidente da Câmara Francisco Leal, que foi sempre alvo de críticas ferozes dos partidos mais à esquerda.
E percebeu-se que poderia haver surpresas no momento em que o PS apresentou uma lista em que não constava o nome de Francisco Leal. Uma situação inesperada, que criou burburinho no Auditório Municipal de Olhão.
José Manuel Coelho, o número dois da lista socialista à AM, foi o nome proposto pelo PS, mas a concessão não terá sido suficiente para convencer a oposição.
No final da sessão, o recém-empossado presidente da Câmara, o socialista António Pina, não escondeu a sua desilusão pela perda da presidência da AM.
«É estranho. Acho, acima de tudo, que aqueles que votaram à esquerda, que votaram contra a opressão da Troika, contra este Governo e o desmantelamento do apoio social aos portugueses, devem estar arrependidos de terem votado na CDU e no BE. O seu voto, hoje, serviu para apoiar o PSD», considerou.
O desfecho não terá sido totalmente inesperado, mas o facto de o PSD depender dos partidos mais à esquerda para eleger o seu candidato à presidência da AM permitia ao PS manter a esperança.
António Pina pediu consensos, mas espera para ver
Nas eleições de 29 de setembro, o PS perdeu a maioria absoluta não só na AM, como na Câmara Municipal. Uma situação que obrigará António Pina a procurar consensos em ambos os órgãos, para avançar com medidas.
O discurso de Tomada de Posse do novo presidente da Câmara de Olhão foi, de resto, nesse sentido. Mas, depois do desfecho da votação para a presidência da Assembleia Municipal, António Pina não se mostrou confiante em que seja fácil encontrar uma plataforma de entendimento. «Vamos ver», disse, apenas.
O apelo foi baseado «no interesse de Olhão» e António Pina, já depois da cerimónia, não o desmobilizou. «Uma das primeiras medidas que quero tomar, em conjunto com as outras forças políticas, é tentar desbloquear a questão da Marina e do Porto de Pesca», disse. «A Marina pode funcionar como um segundo hotel de cinco estrelas», defendeu
«Temos de virar a nossa atividade para ações que promovam a empregabilidade», continuou. Para isso, é «fundamental desbloquear as barras e os canais», para dinamizar o setor da aquacultura, reabilitar a Frente Ribeirinha, com verbas do Polis, e promover a reabilitação urbana, aproveitando Fundos Comunitários disponíveis para o efeito», disse. Outro dos setores chave será «a ação social».