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«Estou com vontade de fugir!», desabafa, na brincadeira, Ana Michele Renda, após a primeira metade do seminário que lançou o processo de maturação das propostas apresentadas no concurso «Ideias em Caixa», da Universidade do Algarve.

Mais de uma centena de candidatos a empreendedor estiveram no sábado num evento no Campus de Gambelas da universidade algarvia, onde ficaram a perceber melhor como se cria o próprio negócio e o que é que isso implica, da boca de empresários e especialistas.

Este encontro marcou o início do processo de maturação das ideias selecionadas para passar à segunda fase do concurso. No sábado, os promotores de candidaturas começaram um processo intenso de consolidação das suas propostas, com o objetivo de as melhorar e apresentá-las com uma outra profundidade ao júri do concurso, no dia 12 de abril.

Alguns dos oradores presentes, bem como outros que irão dinamizar iniciativas com o mesmo objetivo nas próximas semanas, começaram exatamente da mesma forma: com uma candidatura ao «Ideias em Caixa» do CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve.

Na sua quarta edição, o concurso é já uma referência para quem tem ideias de negócio, como parecem provar as 161 candidaturas recebidas. Tantas que obrigaram o CRIA a escolher 50 para passar a esta segunda fase, em vez das 30 inicialmente previstas. Ideias que, considera o diretor do CRIA, «estavam já bem consolidadas e próximas do mercado».

«Na fase inicial, pedimos apenas uma ideia muito simples. E entrámos agora na segunda fase do processo, os seminários de maturação», explicou Hugo Barros ao Sul Informação, à margem do evento de sábado.

«Estes seminários visam trazer junto dos promotores um conjunto de experiência de pessoas e empresas, de coisas que correram bem e do que correu mal, para transmitir aquilo que é estar no mercado e o que é passar da ideia para o negócio, de empreendedor a potencial empresário», explicou o diretor do CRIA.

Testemunhos que pretendiam colocar quem está a concorrer ao «Ideias em Caixa» a pensar e que, tudo indica, o conseguiram. «Isto é mais complicado do que parece. Uma pessoa até pensa: deixa-te lá estar sossegada, arranja mas é um emprego e, se conseguires dinheiro para isso, vai de férias (risos)», disse Michele Renda.

Mais a sério, a candidata a empreendedora garante que «não está arrependida» de se candidatar. «É claro que tenho um certo receio, mas também acho que não tenho dúvidas. É isto que eu quero, ao meu ritmo, devagarinho, para não me afundar», ilustrou.

O sentimento de Michele Renda seria, certamente, partilhado por muitos outros dos candidatos presentes. Até porque estes seminários servem, exatamente, para colocar os promotores das candidaturas a pensar a fundo nas suas propostas e a perceber o seu potencial real e, claro, as suas fraquezas.

 

Seminários de maturação repetem-se até dia 12 de abril

O seminário de maturação inicial foi o mais longo e abarcou diversas áreas, como «financiamento, envolvente empresarial, vendas e experiências na primeira pessoa de quem já passou por este processo».

«Durante as duas próximas semanas vamos passar por um período intensivo de ações de maturação dos projetos. As pessoas vão estar com um conjunto de consultores e tutores, para maturar a sua ideia até uma fase de pré-plano de negócios», disse Hugo Barros.

Neste campo, há, naturalmente, quem esteja mais avançado do que outros. O «Ideias em Caixa» também é aproveitado por aqueles que já estão no terreno a tentar desenvolver ideias de negócio, mas que sentem que têm a ganhar com a experiência e conhecimento do CRIA e dos consultores que se associam a este evento, todos eles de créditos reconhecidos e, em alguns casos, fundadores de empresas reconhecidas pela sua capacidade de inovação.

Bruno Rodrigues é um bom exemplo disso. O candidato a empreendedor é um dos estagiários da segunda fase do Projeto Querença, já começou a promover eventos ligados ao «trail running», mas aproveitou o concurso do CRIA para ganhar mais ferramentas para criar a sua própria empresa.

Os mais de cem promotores (a maioria das ideias têm mais que um promotor) apresentaram ideias em sete grandes áreas: Agroalimentar; Indústrias Culturais e Criativas; Indústrias Transformadoras; Saúde e Bem-estar; Tecnologias; e Turismo.

Depois de apresentarem a sua proposta, oralmente, ao júri do concurso, terão até ao dia 17 de abril para submeter os projetos finais. A partir daqui, serão escolhidas as 15 ideias principais, um das quais, a que o júri considerar mais merecedora, beneficiará de um prémio monetário de 5 mil euros.

 

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