A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza acusa o Polis Litoral Sudoeste Alentejano de «marcar passo e transmitir má imagem dos poderes públicos junto das populações».
A associação ambientalista recorda, em comunicado, que a Sociedade Polis Litoral Sudoeste – Sociedade para a Requalificação e Valorização do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina S.A., foi criada com o objetivo de valorizar o património, qualificar o território e diversificar a sua vivência na área entre S. Torpes (Sines) e o Burgau (Vila do Bispo).
Como o prazo para realização dos projetos e respetiva implementação terminou a 31 de Dezembro de 2013, a Quercus analisou a informação disponível e já interrogou a Sociedade com o intuito de conhecer qual o ponto de situação em que as intervenções se encontram.
Todavia, e ainda sem qualquer resposta, «da leitura da informação disponível, pode-se desde já concluir que, até agora, este Polis se quedou pelos estudos e pela execução de projetos técnicos e não chegou praticamente ao terreno, uma situação lamentável que coloca em causa a imagem e a credibilidade do Estado Português junto das populações locais».
A Quercus acrescenta que, «num contexto em que são impostas fortes – mas absolutamente necessárias – condicionantes às atividades económicas incompatíveis com a conservação dos valores naturais numa das mais importantes áreas protegidas nacionais, as mais das vezes geradoras de conflitos com as populações, seria prudente que as promessas proferidas em relação a investimentos públicos imprescindíveis à requalificação e valorização deste espaço fossem cumpridas de forma escrupulosa, sob pena de se vir a colocar em causa a preservação futura deste espaço classificado».
Num quadro que classifica como de «total inércia e de desinteresse dos poderes pela preservação desta Área Protegida e pelas suas populações», a Quercus termina o seu comunicado exigindo que «sejam alocados de imediato os recursos financeiros necessários à execução dos 28 projetos previstos».
A associação considera ser «inaceitável que se percam cerca de 22,5 milhões de euros de Fundos da União Europeia destinados ao ambiente ou que os mesmos acabem por ser aplicados em projetos noutras regiões do país e que nada tenham a ver com a proteção ambiental».
Ao que o Sul Informação apurou, o único concelho onde as intervenções da Sociedade Polis Sudoeste estão a avançar no terreno é Aljezur, onde estão em curso obras no valor de 6,9 milhões de euros.
Estes trabalhos, junto a diversas praias e outras zonas litorais, passam, por exemplo, pelo ordenamento das acessibilidades, do estacionamento, construção de ciclovias, estabilização das arribas, ações de proteção e recuperação de sistemas dunares, obras em portinhos de pesca e ordenamento de núcleos edificados e das respetivas infraestruturas.