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A associação ambientalista Quercus e a ACRAL – Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve defendem que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto que o grupo IKEA quer implantar em Loulé deve ser «chumbado» e que deve ser escolhida «a alternativa zero», ou seja, «a não construção».

As duas entidades tomaram uma posição pública, um dia antes do final do período de consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental «Operação de Loteamento do Conjunto Comercial e Estabelecimento de Comércio IKEA de Loulé», onde voltam a demonstrar «a sua indignação e desagrado com a anunciada intenção de implementar o projeto numa zona já classificada outrora como Reserva Agrícola Nacional (RAN)».

Esta desclassificação, oficializada no entretanto aprovado Plano de Urbanização Caliços-Esteval (PUCE), que as associações dizem ter tido como único propósito «satisfazer interesses de grupos empresariais de grande dimensão», está na base de uma providência cautelar entreposta pela ACRAL, que está em apreciação no Supremo Tribunal Administrativo, depois de ter sido recusada numa primeira instância.

A ACRAL alega que a aprovação do PUCE viola o que está disposto no Plano Diretor Municipal, onde aquela zona é reservada para usos agrícolas, o que, alegadamente, torna o documento ilegal.

Além desta questão, a ACRAL e a Quercus dizem ter apresentado «dados estatísticos e científicos de relevo sobre o projeto IKEA e o seu enquadramento», nos pareceres que apresentaram durante a discussão pública do EIA do Projeto.

Estes dados estão ligados às «dimensões e características do projeto», que consideram excessiva (ver abaixo), a «impactes ambientais por áreas», ao «emprego e desemprego», aos «efeitos sobre a economia e às «superfícies comerciais de grande dimensão existentes na região e a sua comparação com o projeto IKEA».

«A Quercus e a ACRAL entendem que o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) entregue pelos promotores do projeto IKEA e realizado por uma entidade por si contratada para o efeito, não foi levado à profundidade que um projeto com esta dimensão e efeitos potenciais merece e que AIA não deve ficar-se ou quedar satisfeita com os dados manifestamente insuficientes indicados pelo referido estudo quanto ao projeto em análise», dizem.

O EIA, na visão das duas associações, é incompleto porque «não inclui alternativas de localização do projeto», irá provocar a «destruição da paisagem característica do barrocal», com consequências para o turismo e porque «não contabiliza os impactes no comércio local/ tradicional já existente, os postos de trabalho que desaparecerão e as empresas que abrirão falência».

Além disso, não há na região «empresas de grandes dimensões que possam assumir a realização da obra», a intervenção estará próxima de «áreas protegidas classificadas» e existe o «risco de contaminação» do aquífero Almancil –Medronhal, de a biodiversidade ser ameaçada e potencial «degradação da qualidade do ar e o aumento do ruído».

Num dos documentos anexos ao parecer que apresentaram, a ACRAL e a Quercus consideram excessiva a carga de construção prevista para o local, apontando o dedo aos edifícios que se pensa construir.

Segundo o EIA, está na calha a construção de quatro lotes: «Uma loja IKEA com 21.300 m² em dois pisos (lote 1); Um centro comercial fechado com 65.000 m2 e 95 lojas em dois pisos (lote 2); Um centro comercial aberto com 25.057 m2 e 125 lojas em um único piso (lote 2); Uma loja stand alone com 11.453 m2 (lote 3); e uma loja stand alone com 8.682 m2 (lote 4)».

«Na defesa do Algarve, dos algarvios e dos seus interesses ambas as organizações se comprometem a tudo fazer para que o projeto IKEA seja submetido ao mais rigoroso escrutínio e análise como não pode deixar de acontecer com questões desta dimensão e importância independentemente de quem sejam os promotores de tais iniciativas», concluem as associações.

 

 

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