O Rally de Portugal vai mudar-se para o Norte, no ano que vem, para satisfazer um pedido da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), revelou esta quinta-feira o presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) Desidério Silva.
Alguns elementos do Comité Mundial da FIA «acharam importante que fosse feita a experiência» nesta nova localização, onde esperam que haja uma maior mobilização do público e mais entusiasmo em torno do evento, mas ainda «há esperança» de que a prova internacional, que conta para o Mundial de Rallies, regresse ao Sul.
Desidério Silva garantiu, numa conferência de imprensa, que não foi por «falta de empenho e ação da RTA e das autarquias» que a FIA e o Automóvel Clube de Portugal (ACP), que organizam a prova, tomaram a decisão de tirar o Rali do Algarve e do Baixo Alentejo, em 2015.
«Mas esta foi uma decisão da FIA, que nós não temos capacidade para contrariar. Não foi uma questão financeira, mas sim por serem impostas condições que não podemos cumprir. (…) Não me peçam a mim para influenciar o Comité da FIA», disse.
Sem esconder «a pena e deceção» por ver o Sul perder este evento, cujo retorno direto e indireto «rondará os 90 a 100 milhões de euros», por edição, o responsável máximo pelo Turismo do Algarve deixa a porta bem aberta, para um eventual regresso, já em 2016.
«Vou mostrar a nossa desolação à FIA e abrir a porta a uma colaboração futura. Estamos desolados e aborrecidos, mas mantemos a esperança que o processo não seja irreversível», considerou.
Uma esperança assente naquilo que o presidente do ACP Carlos Barbosa transmitiu, quando, há dois dias, deu a «triste notícia» a Desidério Silva e aos autarcas dos concelhos por onde a prova passava. O responsável pela entidade organizadora do Rally terá garantido que «será uma experiência» e que não há certezas de que o evento não volte para o Sul.
«Claro que espero que o rally, no Norte, corra bem. Mas ainda assim, espero que reconheçam o nosso potencial e prefiram o Sul», disse o presidente da RTA. «O meu receio é que as coisas não corram bem e que o rally saia de Portugal. Se isso acontecer, arriscamo-nos a não ter a prova nem no Norte, nem em lado nenhum, em 2016».
O presidente da RTA disse que nunca recusou satisfazer nenhuma condição que tivesse sido imposta, incluindo de ordem financeira. «Este ano, foi levantada a possibilidade da necessidade de uma verba de cerca de 25o mil euros, que eu garanti desde logo. Essa quantia acabou por não ser pedida, mas foi assegurada ao ACP», contou.
Desta forma, Desidério Silva rejeita críticas de falta de empenho da parte das entidades públicas envolvidas nestes processo. Ainda assim, responsáveis do ACP afirmaram por diversas vezes que teria de haver um maior empenho das forças vivas locais e que o Algarve não poderia dar como garantida a permanência da prova na região. «Pelo que me foi dito, essa questão terá mais a ver com os hoteleiros», assegurou.
Uma ideia que havia sido passada pelo diretor do Rally de Portugal, em 2013. «Numa prova que custa tanto dinheiro, tem de haver envolvimento de todos, sobretudo de quem ganha com ele, os agentes económicos da zona», considerou então Pedro Almeida.
E, sendo a alegada falta de mobilização do público o problema, o que foi feito para ir ao encontro das pretensões do ACP? « Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, nomeadamente toda a divulgação possível e imaginária. Nunca deixei de fazer nada que me tenha sido pedido e sempre perguntei o que poderia fazer mais», assegurou Desidério Silva.