A realizadora louletana Cláudia Rita Oliveira vai apresentar seu documentário «As Cartas do Rei Artur» no sábado, dia 17 de Junho, às 16h00, no Cine-Teatro Louletano. Este documentário biográfico debruça-se sobre a relação entre Cruzeiro Seixas e Mário Cesariny e chega à terra mãe da sua realizadora, depois de se ter estreado no DocLisboa de 2016.
A obra de Cláudia Rita Oliveira foca «o artista plástico e poeta Artur do Cruzeiro Seixas, um dos expoentes do movimento surrealista em Portugal, fixa-se na temática da identidade e da orientação sexual, revelando uma personagem ambígua em termos de percurso e até politicamente, eterno refém de uma paixão de juventude: a paixão por Mário Cesariny de Vasconcelos, o maior dos surrealistas portugueses», segundo a Câmara de Loulé.
«Cruzeiro Seixas existe num labirinto onde todos os caminhos levam a Mário Cesariny. Subjugado por esta obsessiva relação, Cruzeiro Seixas não viveu, mas deixou documentos desse não viver: 95 anos de pintura e poesia à espera de um reconhecimento maior ao lado de outros autores surrealistas», acrescentou a autarquia.
«É um filme sobre a condição humana», resume Cláudia Rita Oliveira, que pegou no tema por sugestão de Miguel Gonçalves Mendes, com que tem trabalhado na produtora Jump Cut. «Fala da inevitabilidade do desencontro, o que tem a ver com a forma como o Cruzeiro se relaciona com o mundo e especialmente como conviveu com o Cesariny, que até era para não estar no filme. Depois, tornou-se inevitável que estivesse», acrescentou. Daí o diálogo com o documentário «Autografia» (2004), de Mendes, em que Cláudia Rita Oliveira foi operadora de câmara.
Esta foi a primeira longa-metragem da realizadora algarvia, que antes assinou as curtas “Kitty & Júlio” (2007) e “Candidíase” (2008). Mais tarde, trabalhou essencialmente como montadora, tendo no seu currículo o documentário «José e Pilar» (2010), de Miguel Gonçalves Mendes, e a série da RTP «História a História», com Fernando Rosas.
Após assistir ao filme «As Cartas do Rei Artur», o espetador fica a par da paixão, do corte de relações, do reatar já na velhice. E da mágoa, sugerida pela narrativa, mas não verbalizada por Cruzeiro Seixas. É uma história triste, mas, segundo a realizadora, trata-se do «documentário mais honesto que podia fazer em relação ao Cruzeiro Seixas que conheci».
Os bilhetes para a sessão, que incliu debate, cuistam 3 euros.