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Mais de uma centena de pessoas participou na terça-feira no I Seminário de Regeneração Urbana, que se realizou nos Mercados Municipais de Olhão.

A iniciativa do Município olhanense foi acolhida por muitos interessados em conhecer quais as transformações de que a Zona Histórica e a Frente Ribeirinha de Olhão serão alvo, onde se pretende  um desenvolvimento harmonioso preservando as suas características diferenciadoras.

Um dos grandes desafios que se colocam à regeneração urbana, no caso de Olhão, é o facto de, sendo um território com a forte identidade de uma comunidade muito ligada às atividades da Ria Formosa, ser necessário que, no processo de renovação da cidade, se mantenha essa mesma identidade.

Ao mesmo tempo, também não se deve descaracterizar nem cair na tentação de tornar o centro histórico apenas um local destinado ao turismo.

Regeneração urbana não é só requalificar os edifícios, devendo integrar igualmente uma forte componente económica, social e cultural, como defendeu o vice-presidente do Município de Olhão António Pina.

Seguir um plano harmonioso, coerente e que não descaracterize a zona histórica de Olhão foi uma das principais conclusões retiradas da participação dos vários oradores: arquitetos José Aguiar, Pedro Ravara, António Figueiredo, Andreia Santos e Ditza Reis (moderadora do seminário).

Realizado num local simbólico da história olhanense, o mercado do peixe de Olhão transformou-se por uma tarde num auditório onde se falou das soluções para o futuro da sua zona envolvente.

Olhão está a desenvolver o seu projeto de regeneração urbana com o apoio de fundos comunitários, que foram explicados por Filomena Coelho, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.

Neste concelho, realçou aquela responsável, o facto de o centro histórico se desenvolver junto à zona ribeirinha, com uma forte capacidade de atração de pessoas, é um fator de sucesso para este projeto.

Neste âmbito, e antes de serem conhecidos os trabalhos que estão a ser desenvolvidos para a zona histórica da cidade cubista, José Aguiar, da Universidade Técnica de Lisboa, falou dos novos desafios que se colocam à arquitetura, da necessidade de ‘re-arquiteturar’, dando alguns bons exemplos de cidades do Mundo que não perderam as suas características ao restituir a cidade à esfera pública através da requalificação e também o que tem  sido feito nalguns concelhos portugueses, dando Guimarães como exemplo de uma cidade de referência.

Pedro Ravara, do Baixa Atelier, que está a desenvolver o plano de pormenor da zona histórica de Olhão, referiu, entre outros temas, o que está a ser feito ao nível da evolução da malha urbana, da volumetria dos quarteirões ou do edificado devoluto em ruínas, apontando como pontos fortes da zona a dinâmica comercial tradicional, as açoteias da cidade cubista, a consciencialização da importância do espaço público e a proximidade à frente ribeirinha.

Por seu lado, António Figueiredo, da Espaço e Desenvolvimento, mostrou em que consiste o Caminho das Lendas, que integra a área de intervenção da zona histórica.

As lendas de Olhão vão animar o percurso do centro histórico. Haverá maiores acessibilidades, criação de espaços de sombra, supressão de estacionamento nalguns locais e colocação de mobiliário urbano adequado ao novo uso, assim como mais acessos pedonais, que têm fortes impactos a nível social e vivencial, económico, ambiental e de segurança.

O Programa de Dinamização dos Mercados Municipais é outro dos aspetos a ter em conta nesta nova forma de viver e sentir Olhão. A arquiteta paisagista Andreia Santos, técnica do Município, também referiu a preocupação com a acessibilidade a todos os utentes do espaço.

A elevação do acesso viário que circunda os mercados à cota da zona pedonal, de modo a eliminar obstáculos, é um dos objetivos e a intervenção nos espaços exteriores aos mercados incidirá sobre a redefinição de pavimentos e na organização e requalificação do equipamento urbano. Os locais de estacionamento também serão regulados e a componente ambiental reforçada.

Com todas as mudanças previstas, agora dadas a conhecer ao público em geral, o Município de Olhão afirma pretender «conjugar as alterações com as características do património existente nesta zona de forma harmoniosa».

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