A Regionalização, a gastronomia e a Rota do Petisco, e ainda a construção de pontes, não as de cimento, mas as simbólicas, foram os temas que marcaram este sábado, o primeiro dia das Jornadas do Arade. Hoje há mais jornadas, intensas, no Museu de Portimão, a começar já às 9h00 da manhã e a terminar à noite.
José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão, local onde as Jornadas estão a decorrer, na conferência de abertura denominada «Arade: um Mergulho na História», questionou sobre a necessidade de construir uma «nova ponte» a ligar as margens do Arade, mas uma ponte «simbólica» e não de «de cimento ou betão», com quatro «pilares»: «promoção da diversidade» que caracteriza este território, «articulação inclusiva» entre todos esses elementos diversos, «valorização da autenticidade» e «visão prospetiva». É que, salientou, «é preciso mergulharmos na História para ter uma visão de futuro». «Todos nós somos operários de pontes simbólicas, de pontes de ideias».
Foi também de pontes, neste caso de comunicação entre os quatro municípios da bacia do Arade – Silves, Lagoa, Portimão e Monchique – que se falou na tertúlia que fechou a noite, com a presença dos quatro presidentes das Câmaras desses municípios: Rosa Palma, Francisco Martins, Isilda Gomes e Rui André.
Mas a primeira tarde das Jornadas foi ainda palco para a primeira sessão de Controvérsia, com o tema «Regionalização – uma oportunidade de desenvolvimento para o Algarve?». Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira e da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), e António Covas, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, deram a sua visão diferente – mas às vezes convergente – sobre um tema que, se calhar, já nem é muito controverso.
António Covas salientou que Portugal é um país «bipolar», por um lado «localista», por outro «centralista» e sublinhou a «assimetria de lesa pátria» de que padece: «por um lado transferimos competências para fora, para Bruxelas, mas não somos capazes de transferir competências do Estado central para as regiões».
Jorge Botelho, por seu lado, defendeu que «uma gestão mais próxima será muito mais eficaz». «Não me venham dizer que o poder central defende melhor os interesses dos algarvios!», frisou o presidente da AMAL, defendendo que «as decisões mais próximas, sobretudo sancionadas pelo voto popular, são muito mais eficazes».
Seguiu-se, à hora do jantar, a apresentação oficial da Rota do Petisco, a iniciativa-bandeira da associação Teia d’Impulsos, que promove as Jornadas do Arade. A Rota assume este ano contornos inéditos, já que passa a ter três etapas: a primeira é já de 1 a 29 de Maio, nos concelhos de Lagos, e Aljezur (inscrições abertas), a segunda será de Monchique, Silves e Lagoa, de 27 de Maio e 26 de Junho, e finalmente a terceira, a rota tradicional, será em Portimão, em Setembro e Outubro.
Para marcar a apresentação desta Rota, os petiscos e os bons vinhos algarvios invadiram as Jornadas, com a colaboração da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão e dos produtores vitivinícolas do Algarve. Um pequeno aperitivo para abrir o apetite para as três etapas que hão-de vir.
Mas hoje, há mais Jornadas. Aliás, este domingo tem um programa super intenso, que começa logo às 9h00 com uma mesa-redonda dedicada a projetos inovadores e experiências bem sucedidas na divulgação e promoção do património cultural e histórico da Bacia do Arade.
Às 10h30, começa uma nova sessão de Controvérsia: «Centro Hospitalar do Algarve: tempo para reflexão». As perspetivas dos profissionais da saúde e dos utentes, bem como a análise económica da situação terão aqui voz, através das posições do médico e ex-presidente da ARS Martins dos Santos (Unidade Hospitalar de Faro do CHA), do deputado João Vasconcelos (Bloco de Esquerda) e do professor Luís Coelho (Faculdade de Economia da Universidade do Algarve).
Aberto à comunidade e à academia, o programa das Jornadas do Arade também dará lugar à apresentação de comunicações livres, sob o formato de posters. Os vários trabalhos serão apresentados em duas sessões, uma às 11h30 e outra às 17h00 deste domingo. Os melhores terão ainda direito a prémios a ser entregues na sessão de encerramento das Jornadas.
Ainda antes do almoço, mais uma mesa-redonda. Pelas 12h00, serão dadas a conhecer diferentes soluções empreendedoras para a indústria do turismo do Algarve. Do Turismo Gastronómico ao Turismo de Natureza, passando pelo Etnoturismo e pelo Turismo de Saúde – este será um painel que evidenciará como a região algarvia tem muito mais para oferecer além do tradicional “sol e praia”.
A tarde de domingo começa com uma reflexão sobre a idade da reforma: «Como continuar a ter uma vida ativa e plena de sentido?» Numa mesa-redonda que começará pelas 14h30, serão apresentadas algumas soluções, como o associativismo ou a educação ao longo da vida.
O programa continua com a última Controvérsia destas primeiras Jornadas do Arade. O tema é o Turismo de Golfe e o convite é à análise dos prós e contras de um segmento emergente com potencialidades de contribuir para a atenuação da sazonalidade de que a indústria turística do Algarve padece. A marcar o tom, um conceito: sustentabilidade.
A lançar a discussão, estarão Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), e Gonçalo Gomes, presidente da Secção Regional do Algarve da Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas.
A última mesa-redonda começa pelas 17h30 e regressa ao ponto de partida – o Rio Arade. Propõe-se aqui uma nova perspetiva: mais do que um canal fluvial, uma barreira física entre margens, uma via entre o litoral e o barrocal, encare-se o Rio Arade como um eixo do desenvolvimento económico regional. Que iniciativas contribuem já hoje para essa realidade? E como esta pode ser fomentada?
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Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação