O inquérito à praxe que, em Setembro de 2015, acabou com uma aluna hospitalizada, devido à ingestão excessiva de álcool, está concluído, mas a Universidade do Algarve só anunciará qual o seu resultado quando terminarem «todos os prazos legais» inerentes ao processo.
«Só estou à espera disso para fazer o comunicado final relativamente ao inquérito. Mas está para muito breve, ou seja, ainda este mês», revelou ao Sul Informação o reitor da Universidade do Algarve.
«Da parte da Universidade, o processo está concluído. Mas há um prazo legal a observar e eu acho que não devo pronunciar-me sobre isso publicamente», explicou António Branco, acrescentando que esse prazo está relacionado com o direito de resposta dos alunos alvo de inquérito.
O caso que foi analisado remonta a Setembro de 2015. Durante uma praxe do Curso de Biologia que estava a ser realizada no areal da Praia de Faro, à noite, uma das caloiras sentiu-se mal e teve de ser transportada para o Hospital de Faro. Segundo noticiou na altura o JN, a estudante de 19 anos terá ingerido álcool em demasia.
Em declarações ao Sul Informação, um aluno do mesmo curso disse, na manhã seguinte à praxe, que tudo se deveu «a um problema de comunicação». Isto porque a aluna «não tinha comido nada durante o dia, não disse nada e aconteceu um acidente».
«No ritual de batismo, os caloiros enterram-se a si próprios na areia, sendo que podem a qualquer hora levantar-se, porque é superficial. Ficam a aguardar a sua vez de serem batizados, pelo padrinho e pela madrinha, o que acontece quando vão à água e molham-se, e a praxe acaba aí», contou. Apesar de haver bebidas alcoólicas, «só bebe quem quer, por isso levámos refrigerantes e águas, para aqueles que não queriam beber».
Justificação oficiosa (o aluno preferiu manter o anonimato nas declarações ao nosso jornal) que não impediu a abertura de um processo de averiguações e de um inquérito. Num primeiro momento, esperava-se que as conclusões deste procedimento fossem relativamente céleres e que houvesse resultados em Novembro passado. O resultado demorou bastante mais tempo a sair, até porque estão em cima da mesa sanções que podem ir até à expulsão da UAlg, mas vai mesmo ser anunciado em breve.
António Branco fez o ponto da situação deste caso, pouco depois de ter estado reunido com o presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve, num encontro em que as praxes e a receção aos novos alunos forma um dos assuntos em cima da mesa.
Da parte da reitoria, há a vontade de substituir, gradualmente, as praxes tradicionais por atividades alternativas, promovidas pela própria instituição, que se afastem do registo que habitualmente se associa a esta tradição académica. O reitor da UAlg sempre assumiu ser contra este tipo de praxe e conta substituí-la por outro tipo de práticas integradoras «dentro de dois ou três anos».
A AAUAlg não parece disposta a deixar cair a tradição académica, mas tem avançado, por iniciativa própria, com diversas medidas que visam incutir nos alunos mais velhos «o respeito pelos colegas», como ilustrou o presidente da associação Rodrigo Teixeira ao Sul Informação.
A entidade representativa dos estudantes, que na UAlg assume o papel de organizadora da receção aos novos alunos, já deu formação às chamadas comissões de praxe para passar esta mensagem e deixar claros os limites para quem está a praxar. Um deles é o da livre adesão à praxe, já que é transmitido tanto aos veteranos como aos caloiros que só adere à praxe quem quiser e que «podem dizer que não».
Para garantir que os alunos que não querem participar nas praxes tradicionais tenham alternativas, tendo em vista a sua integração no Ensino Superior, a AAUAlg promoveu, em 2015 diversas atividades, entre as quais uma manhã dedicada a danças, outra dedicada ao desporto e um pedipaper noturno, que passou por diversos pontos de interesse da cidade de Faro.