O PSD/Castro Marim anunciou a retirada da confiança política ao presidente da Câmara Francisco Amaral, eleito com o apoio deste partido em 2013. Os dirigentes social-democratas locais afirmam-se «defraudados» nas expetativas que tinham criado relativamente ao desempenho de Francisco Amaral, acusando-o de trair a confiança nele depositada.
Em declarações ao Sul Informação, Francisco Amaral não se mostrou nada surpreendido com a decisão dos social-democratas castromarinenses, que vê como «uma tomada de posição mais pessoal do que política».«Eu não estou nada preocupado, porque sinto que tenho a apoio da maioria das pessoas de Castro Marim e que, no fundo, tenho a confiança do PSD distrital e nacional», afirmou.
«O ex-presidente da Câmara e atual presidente da concelhia quer voltar a ser o candidato. Aliás, há mais de um ano e meio que o vice-presidente da concelhia me vai atacar despudoradamente para a Assembleia Municipal. Portanto, já esperava uma posição destas. Não muda em nada a minha intenção de me recandidatar», assegurou.
O atual edil de Castro Marim é o presidente de Câmara em funções mais antigo do país. Depois de 20 anos à frente dos destinos da Câmara de Alcoutim, Francisco Amaral candidatou-se a Castro Marim, uma vez que tanto ele como o anterior edil castromarinense José Estevens estavam impedidos de se recandidatar, devido à lei da limitação de mandatos.
Nas últimas autárquicas, José Estevens também se candidatou a outra Câmara algarvia, a de Tavira, mas foi derrotado nas urnas pelo socialista Jorge Botelho. Ainda assim, manteve-se como presidente do PSD/Castro Marim, a estrutura que retirou confiança política a Francisco Amaral.
Há cerca de três semanas, na mesma altura em que avançou ao nosso jornal que já tinha decidido recandidatar-se ao cargo que agora ocupa, o edil falou de uma «campanha caluniosa» da qual diz estar a ser alvo, que envolveria «alguns elementos do PSD e do PS», sem referir nomes.
As declarações feitas ao Sul Informação estão entre os exemplos que o PSD castromarinense dá de uma tentativa do atual presidente de Câmara de « acabrunhar o legado autárquico que recebeu do seu antecessor e abocanhar os militantes do Partido Social Democrata de Castro Marim».
O PSD vai mais longe e fala de «saneamento político» de militantes deste partido… por um presidente de Câmara social-democrata. «A exoneração de cargos e funções de influentes dirigentes do PSD, que levianamente acusou de incompetentes, ou a nomeação da presidente da Junta de Freguesia de Altura, em Novembro de 2015, eleita nas listas do Partido Socialista, para adjunta do seu gabinete, garantindo a maioria dos votos na Assembleia Municipal, que os castromarinenses lhe recusaram nas urnas, são exemplo disso», defendeu o PSD.
Francisco Amaral refuta a acusação de saneamento político mas assume o despedimento de Vítor Madeira, vice-presidente do PSD/Castro Marim. «Ele era o meu adjunto e eu despedi-o porque ele era incompetente. Talvez pensasse que, por ser vice-presidente do PSD, eu tinha de o manter aqui, mas, como era incompetente, eu dispensei-o», assegurou o edil castromarinense.
Já a direção local social-democrata acusa o autarca de ter adotado «uma atitude de distanciamento e repulsa para com o PSD de Castro Marim, escusando-se a dialogar e a cooperar com o partido pelo qual se candidatou e que sempre o apoiou».
Apesar das muitas referências a questões internas do partido a nível local, cujas divisões ficaram bem patentes nas eleições de Fevereiro de 2015, o PSD aponta como uma das principais razões para a retirada de confiança política o facto do edil ter «mandado literalmente às urtigas o programa eleitoral» e de ter posto em causa «o projeto autárquico politicamente sério que vinha sendo realizado, alicerçado no crescimento económico e alavancado num conjunto de instrumentos do ordenamento do território, no desenvolvimento social e numa aposta clara de valorização do património do concelho e na afirmação da marca Castro Marim».
Desta forma, decidiram retirar a confiança política ao presidente da Câmara «sob pena do partido ser politicamente devorado nas eleições autárquicas, já em 2017».
Resta saber qual será a posição das estruturas regional e nacional do PSD, em relação a uma recandidatura de Francisco Amaral. E se da parte da cúpula do partido, a mensagem é de que «todos os presidentes de Câmara são recandidatos», como assegurou o edil, ainda se terá de esperar pela posição da distrital social-democrata.
Contactado pelo Sul Informação, o presidente do PSD/Algarve David Santos disse que quem irá tomar posição sobre este assunto é a Comissão Política distrital do partido, que irá discutir o assunto numa próxima reunião, ainda sem data marcada.