O presidente da Câmara de Vila do Bispo, Adelino Soares, retirou confiança politica ao vereador Afonso Nascimento e, com essa decisão, colocou o executivo socialista em situação de minoria. “Foi uma decisão política minha. As coisas, como estavam a funcionar, não corriam bem. Optei por ter uma única vereadora a trabalhar comigo”, confirmou o edil, ao Sul Informação.
A agitação política em Vila do Bispo surge no seguimento de dois chumbos consecutivos, em Assembleia Municipal, da proposta do executivo para o Orçamento Municipal de 2015. “Fizemos tudo o que nos pediram após a primeira votação e, sem qualquer fundamento, voltaram a chumbar. Isto é pura e simplesmente politiquice”, diz o presidente de Câmara.
Adelino Soares foi eleito em minoria para o seu primeiro mandato autárquico e agora, neste segundo mandato, regressa a essa situação por decisão própria. O executivo camarário era constituído por dois vereadores do PSD e três vereadores do PS, incluindo o presidente. Agora o PS tem apenas dois vereadores.
O autarca disse que o vereador com quem entrou em rutura “não revelava muito acordo com aquilo que estava a ser feito” e adiantou que, depois de lhe retirar o pelouro, as funções estão agora a ser acumuladas por si próprio e pela vereadora Rute Silva, vice-presidente da Câmara.
Mas a questão que está por trás de toda a situação é o mau relacionamento entre a Concelhia do PS de Vila do Bispo e o presidente da Câmara, o também socialista Adelino Soares.
É que este mau relacionamento, além de ter levado o edil Adelino Soares a retirar os pelouros e a confiança política ao vereador Afonso Nascimento, também do PS, fez ainda com que, na Assembleia Municipal, se passasse algo de insólito: foram os votos do PS, partido que detém a maioria neste órgão e na Câmara, a chumbar o Orçamento Municipal, duas vezes seguidas.
Adelino Soares não se incompatibilizou apenas com o vereador Afonso Nascimento. Também entrou em rota de colisão com o presidente da Concelhia do PS, Nuno Amado, que é igualmente presidente da Assembleia Municipal.
Daí que a questão esteja agora a ser avaliada a nível da Federação do PS/Algarve. António Eusébio, líder dos socialistas algarvios, disse ao Sul Informação que, “neste momento ainda nada está definido a nível interno do partido, ainda estamos a trabalhar na solução”.
“Durante esta semana, estamos a promover conversações com ambas as partes, para tomarmos depois uma decisão”, acrescentou António Eusébio.
Apesar do ambiente de crispação que se vive em Vila do Bispo, com a oposição a esfregar as mãos de contente com esta guerra que divide os socialistas, o presidente do PS/Algarve diz: “ainda tenho alguma esperança de que as coisas se possam resolver”.
O executivo de Vila do Bispo ficou minoritário em plena batalha pelo Orçamento Municipal. “É uma situação que estamos a tentar resolver. Na primeira votação [chumbo], obrigaram-nos a colocar no orçamento determinados valores, enquanto determinadas rubricas foram reforçadas. Fizemos tudo o que nos tinham pedido e agora, sem qualquer fundamentação, voltaram a chumbar”, explicou Adelino Soares.
O presidente da Câmara de Vila do Bispo tem andado em consultas com “entidades que supervisionam as autarquias locais”, por forma a encontrar uma solução orçamental. “Neste momento, não sei o que fazer. Vamos ver o que terei de fazer numa fase posterior, que não vai depender só de mim”, admitiu o edil.
Apesar do momento politicamente sensível, Adelino Soares garantiu que a Câmara de Vila do Bispo não está parada. “Trabalhamos com o orçamento do ano anterior e vamos continuar a trabalhar”, garantiu o autarca.