São mais de cinco quilómetros de passeios e passadeiras acessíveis, que qualquer pessoa, mesmo as que têm dificuldades motoras ou de outra natureza, pode utilizar com todo o conforto.
A rede de Passeios Acessíveis de São Brás de Alportel foi inaugurada oficialmente esta quarta-feira, com uma iniciativa em que participaram muitos populares, entre os quais pessoas com mobilidade reduzida ou outro tipo de dificuldade.
Esta rede é a face mais visível da aposta forte que a autarquia fez na mobilidade, na última década. E não irá parar por aqui, já que «melhorar a qualidade de vida de todos» é uma prioridade do atual executivo. «Não passa este ano sem instalarmos um elevador nos Paços do Concelho», assegurou o presidente da Câmara sãobrasense Vítor Guerreiro, à margem de um périplo que serviu para experimentar um troço da rede e descerrar duas placas
O edil apontou algo que ainda falta fazer, até porque quer continuar a melhorar a mobilidade dentro da Vila, mas a verdade é que já há muita coisa feita, para facilitar a vida aos que têm maiores dificuldades de locomoção, mas também a invisuais e até a quem deseja passear na rua com um carrinho de bebé.
Além da rede de Passeios Acessíveis, foram já adaptados diversos edifícios públicos, jardins e praças, desde que o projeto começou, há 11 anos. Uma das medidas foi a criação de lombas, que são, ao mesmo tempo, passadeiras acessíveis. Ou seja, em vez de rebaixar os passeios, a autarquia optou por elevar a estrada, nos locais de atravessamento, permitindo a todos passar, ao mesmo tempo que incentiva os automobilistas a abrandar.
Também já se adaptou o Jardim da Verbena, a Praça da República, as escolas do concelho e está-se a uma semana de concluir a instalação de um elevador na Escola Secundária, «uma grande conquista».
A aposta clara e continuada de São Brás na promoção da mobilidade, levou a que a secretária de Estado para a Inclusão de Pessoas com Deficiência Ana Sofia Antunes tenha «feito questão» de percorrer os quilómetros que separam Lisboa de São Brás de Alportel.
A governante tem, de resto, uma sensibilidade especial para este tipo de projeto. Por um lado, porque participou «na elaboração de um plano de mobilidade, noutro concelho», mas também por ser invisual e ter a vida mais facilitada com o tipo de medidas implantadas.
Apesar de serem particularmente úteis, e até indispensáveis, para uma franja específica da população, este tipo de medidas «melhoram a qualidade de vida de toda a população», defendeu a secretária de Estado.
«Todos os cidadãos, em dado momento da sua vida, podem ver-se confrontados com uma redução da sua mobilidade, temporária ou não. Mas, independentemente disso, qualquer um de nós sabe que caminhar num pavimento liso, sem perturbações, sem desníveis e sem risco de escorregar, é muito mais seguro e saudável», disse.
Neste campo, a calçada portuguesa pode tornar-se uma “inimiga” da mobilidade, pelo que o seu uso deve ser bem ponderado, para evitar complicar a vida a quem, já por si, enfrenta algum tipo de dificuldade.
«Não estamos contra a calçada portuguesa, faz parte da nossa cultura. Mas pode, e deve, ser conjugada com pisos que sejam mais amigos da mobilidade», defendeu Ana Sofia Antunes.
Foi precisamente isso que a Câmara de São Brás procurou fazer, em diversos locais. «Naturalmente que temos de preservar a nossa calçada portuguesa, que faz parte do nosso património, da nossa história. O que fizemos foi, em alguns passeios que tinham quatro metros de largura, em calçada, reduzimos para dois metros e levámos as pedras para outros locais. Nos outros dois metros, colocámos um piso especial, que facilita a mobilidade», disse Vítor Guerreiro.
Em São Brás já foram dados diversos passos, no sentido de ter uma malha urbana acessível a todos. Mas não há muitos territórios que se possam gabar do mesmo. Algo que a secretária de Estado defende que tem de mudar.
Para isso, vai ser lançado um programa, denominado «Territórios Inclusivos», que também servirá para financiar obras que visem a melhoria da mobilidade, em ambiente urbano. «Temos de passar à fase da execução. Já passámos pela de formação e sensibilização dos técnicos, agora há que fazer obra», defendeu Ana Sofia Antunes.
Vítor Guerreiro não escondeu o seu agrado, por saber que em breve poderá ter apoios para levar a cabo medidas que lhe são muito caras.
«Disponibilizamo-nos já para começar a colaborar com o Governo, nesta área. Aliás, vou entregar já a carta de intenções à senhora secretária de Estado e dizer que estamos cá na primeira linha, para trabalhar nisso»
A secretária de Estado para a Inclusão de Pessoas com Deficiência defendeu, ainda, que se terá de começar a «apertar com a fiscalização», nomeadamente ver se as diferentes entidades estão a cumprir as normas.