O secretário de Estado do Mar Manuel Pinto de Abreu esteve esta terça-feira, dia 6, no Algarve, para reuniões com os presidentes das Câmaras de Olhão e de Tavira e para visitar locais que há muito esperam obras e decisões, mas, ao que o Sul Informação apurou, não trouxe novidades.
Em Tavira, a deslocação teve como intuito a visita à zona ribeirinha e ao local previsto para o novo Porto de Pesca, bem como o auscultar das necessidades da comunidade piscatória local. O governante viu tudo, conversou com autarcas e pescadores, mas não deixou qualquer notícia sobre o início concreto das obras do Porto de Pesca.
Na sua passagem pelo concelho tavirense, o representante do Governo disse que este encontro se reveste de grande interesse, uma vez que é imprescindível definir prioridades, através da observação da realidade.
Manuel Pinto de Abreu admitiu que “os pescadores [de Tavira] merecem um Porto de Pesca”, mas sublinha que, neste momento, o que está em causa é a garantia da “segurança de pessoas e bens”.
Na opinião do secretário de Estado do Mar, é fundamental “estabelecer uma hierarquia” e acrescenta que esta obra enquadra-se no “caderno de encargos” dos assuntos do mar, embora tenha afirmado desconhecer “se esta será a primeira obra a avançar em Tavira”, até porque, segundo as suas palavras, “existe uma rubrica que ronda os dois milhões de euros estipulada para esta intervenção que cobrirá apenas para a primeira fase”.
Na ocasião, o presidente da Câmara Jorge Botelho reforçou a necessidade de se concretizar esta obra e considerou-a “absolutamente necessária”, sublinhando que este processo já se arrasta há mais de vinte anos.
Tal como referiu o edil, “esta é uma aspiração dos tavirenses de há muito tempo”, pelo que importa agir perante os anseios dos homens do mar.
Jorge Botelho aproveitou, ainda, a ocasião para dar a conhecer a atual condição do molhe nascente da barra de Tavira que carece de uma intervenção, assim como a necessidade de se efetuar a limpeza e dragagem do rio de modo a facilitar a sua navegabilidade.
Para a Câmara Municipal, a pesca exerce um papel de relevo na economia local e, como tal, merece ser apoiada. Neste sentido, foram já proporcionadas melhores condições de trabalho aos pescadores, nomeadamente, através da construção de abrigos de pesca nas freguesias de Cabanas, Santa Luzia e Luz (Torre d’Aires), estando prevista a construção de mais catorze apoios em Tavira.
Numa filosofia de apoio à classe piscatória, a autarquia entregou também um espaço para sede da Associação de Armadores e Pescadores de Tavira (APTAV).
Em Olhão, o Sul Informação apurou que os temas em cima da mesa, nas conversações com a Câmara Municipal, foram também o Porto de Pesca, o concurso para gestão da Marina/Porto de Recreio e ainda a necessidade de efetuar dragagens na barra da Armona.
O presidente da Câmara chamou a atenção do secretário de Estado do Mar para a urgência de «encontrar uma solução» para aqueles problemas, mas, ao que o Sul Informação sabe, não obteve qualquer resposta ou compromisso da parte de Pinto de Abreu.
Acerca do projeto do Porto de Pesca de Tavira
A construção do Porto de Pesca de Tavira prevê a atracagem de oitenta embarcações (setenta barcos com um comprimento entre os 12 e 18m e dez com comprimento inferior a 12m) e deverá ocupar uma área de 4,8ha.
O projeto contempla uma oficina para pequenas reparações, uma para aprestos e uma de descarga e comercialização do pescado, onde se incluem os serviços portuários, a lota e os armazéns para comerciantes.
Estão previstos, igualmente, dois muros cais que delimitam a entrada da bacia, três passadiços para estacionamento, uma rampa varadouro, uma retenção marginal no limite Sul da bacia, um cais flutuante para abastecimento de combustíveis no interior do porto e uma grade de marés.
Está pensada, ainda, a dragagem de todo o troço do rio Gilão entre o porto de pesca e a barra de Tavira, bem como o desvio da estrada de acesso ao Sítio das Quatro Águas.
O projeto da responsabilidade do IPTM- Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos tem um valor estimado de 10 milhões de euros, o qual será financiado através do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC).
Tendo já decorrido o concurso público para a respetiva execução, o Município de Tavira diz aguardar «serenamente por uma decisão do atual Governo no sentido de adjudicar a obra».