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Baliza de sinalização
Baliza de sinalização

O rio Guadiana é agora uma “via rápida” que liga Alcoutim a Vila Real de Santo António. A primeira fase de recuperação de navegabilidade do rio ficou concluída e o Secretário de Estado do Mar Pedro do Ó Ramos experienciou o resultado da obra na primeira pessoa, na passada sexta-feira.

A intervenção entre Alcoutim e a Ponte Internacional do Guadiana contemplou a regulação de 5000 metros cúbicos de terras, no fundo do rio, e a colocação de 100 balizas de navegação com lanternas e alvos. Esta intervenção ficou a cargo da DGRM – Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos. A jusante da ponte, as obras de recuperação ficaram a cargo da APPA, autoridade espanhola.

A obra “portuguesa” custou 600 mil euros e foi concluída em 45 dias, sendo que 25% foi custeada pelo Estado português, sendo o valor restante financiado pelo Programa Europeu de Cooperação Transfronteiriça Espanha – Portugal (POCTEP).

Esta intervenção passa a permitir a circulação, em segurança, de embarcações com 70 metros de comprimento, 1,80 metros de calado e 1,20 metros de boca, o que corresponde às dimensões das marítimo-turísticas.

O diretor-geral da DGRM, Miguel Sequeira, durante a viagem a bordo do navio Peninsular, explicou que «este rio tem condições de navegabilidade desde a ocupação humana. A grande utilização aconteceu durante o século XIX durante a exploração mineira [Mina de S. Domingos], depois desapareceu e o rio ficou entregue a si próprio. Esta é uma tentativa de recuperação para dar melhores condições de segurança.

Fotografia de grupo
Fotografia de grupo

Na viagem entre Alcoutim e Vila Real de Santo António, estiveram presentes, para além do Secretário de Estado do Mar, os autarcas de Castro Marim e de Vila Real de Santo António, ou David Santos, presidente da CCDR Algarve. Era também esperada a presença de responsáveis espanhóis, uma vez que este é um projeto dos dois países, mas ninguém apareceu.

David Santos deixou críticas a essa ausência. «Era importante que aqui estivessem os responsáveis espanhóis. Mas por ser sexta-feira à tarde, e os serviços estarem encerrados a essa hora, não vieram».

O responsável da CCDR lembrou que «quando foi a instituição da Eurocidade, falei da necessidade da dragagem deste rio. A primeira parte, os espanhóis fizeram até à foz. Agora esta fase B está concluída. Para a CCDR, ter um rio como este vai desenvolver atividades económicas dos dois lados da fronteira».

O autarca de Castro Marim concordou com David Santos e elogiou o seu papel na realização desta obra. «Sinto uma alegria muito grande por este importante momento. Nasci neste rio e fiz vários passeios noturnos, e sei que era perigosíssimo navegar aqui. Esta obra importantíssima exigia-se há muitos anos. E o presidente da CCDR foi o motor e a alma desta obra. Esta obra gera desenvolvimento económico e vai beneficiar cada vez mais esta zona. Esperamos agora que se façam os possíveis para que o desassoreamento até Mértola se faça», pediu o autarca.

O desassoreamento até Mértola será a terceira fase da obra. A segunda fase, cuja candidatura a fundos europeus terá de ser entregue nos próximos dias, prevê uma intervenção até ao Pomarão. A terceira fase, até Mértola, é a parte mais complicada da obra e que terá de ser um projeto nacional, e não ibérico. Nesta parte do rio, o fundo é rochoso, o que obriga a um investimento mais avultado.

Pedro do Ó Ramos gostou da paisagem
Pedro do Ó Ramos gostou da paisagem

Luís Gomes, presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, realçou «o momento histórico» e agradeceu ao Governo que «depois de 30 anos de promessas, foram feitas estas obras. As obras fazem história, as palavras, leva-as o vento».

O autarca considerou que a obra vem contribuir «para que sejamos capazes de colocar projetos a funcionar em torno do Guadiana, de desenvolvimento e que contribuam para o combate à desertificação. O Guadiana é a via rápida que liga o litoral ao interior do Algarve».

O agradecimento ao Governo de Luís Gomes foi recebido pelo Secretário de Estado, mas Pedro do Ó Ramos esclareceu que não tem «mérito na obra, mas represento o Governo. A ministra [Assunção Cristas] não pôde vir, e tenho todo o orgulho em estar aqui».

Para o governante, esta obra é agora «um desafio para as autarquias, uma oportunidade de efetivar as populações. É também importante para desenvolver o turismo náutico, e para atrair mais pessoas. É uma obra que vai fazer a diferença para as autarquias e para as populações. É uma âncora para o desenvolvimento desta região».

navegabilidade Guadiana Martyna Mazurek (20)Terminada e inaugurada esta obra, Pedro do Ó Ramos diz que «este sonho não termina aqui» e que «vamos agora para a segunda fase [até ao Pomarão], e até Mértola vamos conseguir também».
Membro de um Governo que pode estar de saída, Pedro do Ó Ramos, já não deverá estar em funções quando for inaugurada a intervenção até ao Pomarão, mas «estando nas funções em que estiver daqui a uns tempos, faço-me convidado para estar na inauguração da segunda fase».

A viagem que começou em Alcoutim durou cerca de 4 horas, mas o Secretário de Estado “abandonou o navio” a meio da viagem, tal como os autarcas. Ainda assim, Pedro do Ó Ramos pôde ver a utilidade das balizas de sinalização, uma vez que era noite cerrada quando o Peninsular parou em Guerreiros do Rio, para a sua saída.

Horas mais tarde, avistou-se a ponte do Guadiana e o navio pôde beneficiar das intervenções feitas pelas autoridades espanholas, avaliadas em 850 mil euros, e que devolveram uma profundidade mínima de 3,5 metros à foz do rio. No entanto, por ser sexta-feira à tarde, ninguém pôde agradecer aos responsáveis espanhóis esta intervenção.

Veja aqui as fotos da visita e da descida do Guadiana da autoria de Martyna Mazurek.

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