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Secretário de Estado Adjunto e do Ambiente em Vila do Bispo_02O secretário de Estado Adjunto e do Ambiente disse ontem em Vila do Bispo que está «disposto a veicular o assunto» das preocupações algarvias com a prospeção e eventual exploração de hidrocarbonetos ao seu «colega», acrescentando ter até recebido em mãos as moções da Assembleia Municipal e Junta de Freguesia de Vila do Bispo.

O governante falava no final do «I Seminário Potencialidades de um Concelho/Vila do Bispo num só dia…», que ontem decorreu. No seu discurso, José Mendes defendeu a necessidade de «descarbonizar a economia e descarbonizar os territórios», o que levantou de imediato um burburinho na sala, já que, apesar de esse não ser tema oficial do seminário, ao longo do dia muitos dos oradores levantaram a questão dos impactos negativos da pesquisa de hidrocarbonetos no Algarve, nomeadamente no concelho de Vila do Bispo, em terra e no mar.

«Se eu tivesse de escolher uma palavra para definir o meu Ministério [do Ambiente] seria descarbonizar», repisou o secretário de Estado, acrescentando que «descarbonizar tem tudo a ver com Vila do Bispo», que está a fazer «um caminho que assenta na valorização dos seus valores ambientais».

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O secretário de Estado durante a sua intervenção a finalizar o seminário

José Mendes disse ainda que «descarbonizar» é «aquilo que torna os territórios visíveis no contexto europeu e internacional, até em termos de serem elegíveis para financiamentos».

No final, à margem da sessão, os jornalistas quiseram saber como é que esta «descarbonização dos territórios e da economia», defendida pelo Ministério do Ambiente, se pode compatibilizar com a pesquisa e exploração de hidrocarbonetos no Algarve, que, nas palavras recentes do primeiro ministro António Costa, é para continuar.

«Aquilo que eu disse foi como afirmação geral, que se insere muito bem em relação à estratégia de várias regiões do Algarve e de Vila do Bispo em particular», respondeu o secretário de Estado José Mendes.

Quanto à questão das concessões para pesquisa e exploração de hidrocarbonetos, o governante sublinhou: «essa é uma temática que não está nas minhas competências, não tutelo essa matéria e não conheço o suficiente para me pronunciar», acrescentando ainda não conhecer «que medidas mitigadoras é que estão em jogo».

Perante a insistência dos jornalistas, o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente respondeu apenas: «não é má vontade, não tutelo essa área, não conheço esse dossiê». No final, o governante ainda conversou com residentes na área, que lhe manifestaram as suas preocupações.

Por seu lado, Adelino Soares, presidente da Câmara de Vila do Bispo, recordou que «a posição do município é bem clara: sou contra».

O autarca socialista disse que a eventual exploração de hidrocarbonetos no Algarve «não se coaduna absolutamente nada com aquilo que estivemos aqui durante o dia de hoje a divulgar e que são as potencialidades de um território, que vive essencialmente do turismo de natureza. Esta é a indústria que temos e é com esta indústria que queremos continuar a viver, de forma tranquila e com garantias futuras de que aquilo que hoje estamos a valorizar não será amanhã deitado a perder com essa exploração».

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O secretário de Estado a assinar o Livro de Honra do concelho de Vila do Bispo, sob o olhar atento do presidente da Câmara Adelino Soares

Adelino Soares reafirmou a sua posição «a título pessoal, como presidente da Câmara de Vila do Bispo, e como membro da AMAL, onde fomos todos unanimemente contra».

Mas, num dia em que o Algarve recebeu a visita de mais governantes, o tema da propeção de petróleo não se ficou apenas por Vila do Bispo.

Na cerimónia de entrega das medalhas de Ouro e de Mérito do Turismo do Algarve, em Faro, o presidente da Região de Turismo do Algarve Desidério Silva disse que não ia falar sobre a prospeção de petróleo no Algarve, «por ter a certeza que haverá bom senso» e que não se irá colocar em risco esta indústria, fundamental para a economia da região e do país.

À margem da sessão, explicou ao Sul Informação a razão deste otimismo. «Eu acredito que nesta questão, como na da ferrovia, das portagens, do Porto de Portimão e do IVA da restauração, há fatores diferenciadores positivos que vão surgir, porque senão, muita gente ficará desiludida».

«Eu quero acreditar nisso, porque confio na secretária de Estado de Turismo e já falei com ela várias vezes desde que tomou posse. Tivemos a oportunidade de conversar sobre os problemas já diagnosticados e em relação aos quais queremos intervir», acrescentou.

Na sessão, a secretária de Estado do Turismo Ana Mendes Godinho não se referiu ao assunto, apesar do mote dado pelo presidente da RTA.

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