A substituição do relvado natural, destruído pelo tornado de novembro, por sintético, no Estádio Dr. Francisco Vieira, do Silves Futebol Clube, vai custar 360 mil euros. As obras de remoção já começaram e o novo tapete deverá estar pronto em setembro, para o início da época.
Substituir a relva natural, que ficou «cheia de vidros e por isso impraticável, sem recuperação possível», ficaria mais barato a curto prazo, admitiu, em entrevista ao Sul Informação, o presidente do Silves FC.
Mas, a médio prazo, todos ficam a ganhar com o relvado sintético, acrescentou Tiago Leal. «O investimento inicial é maior, mas o sintético tem outras características, porque tem mais durabilidade, tem muito menos custos de manutenção. Por isso, é vantajoso para o clube e para a cidade».
E onde vai o Silves FC buscar tanto dinheiro? Tiago Leal revela que o clube já tem cerca de 200 mil euros em dinheiro, 175 mil dos quais atribuídos pela UEFA, como apoio para o clube recuperar dos graves estragos causados no seu estádio pelo tornado de novembro do ano passado. Depois, há o dinheiro do jogo de solidariedade e ainda a possibilidade de receber apoio da Federação Portuguesa de Futebol, se a seleção portuguesa se apurar para o Mundial.
A restante verba será assegurada pela Câmara de Silves, em tranches a pagar ao longo de cinco anos, bem como por um empréstimo que o clube vai fazer na banca.
O presidente do clube explica a proposta que foi apresentada à autarquia e que foi aprovada por unanimidade em reunião da vereação: «a Câmara era a responsável pela manutenção do relvado do nosso estádio e ainda pela manutenção do estádio municipal, que é pelado, gastando nisso, anualmente, 60 mil euros. Nós propusemos que esses 60 mil euros nos fossem pagos ao longo de cinco anos, totalizando 300 mil euros. Depois a Câmara deixará de ter qualquer responsabilidade».
Rogério Pinto, presidente da Câmara de Silves, acrescentou que, para que a primeira tranche de 60 mil euros possa ser paga, «apenas falta tratar do procedimento administrativo», que culminará com a assinatura de um protocolo entre autarquia e clube.
«Isto é um bom negócio para a Câmara, em termos de futuro. Gastávamos 75 mil euros por ano para manter o relvado e pela utilização do pelado». A intervenção em curso vai permitir «centralizar toda a atividade disponível no Estádio e no Pavilhão», sublinhou o autarca.
«Que o Estado não ganhe dinheiro com a nossa desgraça»
Mesmo assim, ficará ainda a faltar dinheiro. Mas, com o protocolo com a Câmara na mão, o Silves Futebol Clube pretende negociar com a banca um empréstimo. O protocolo, explica Tiago Leal, servirá de garantia, dando «conforto ao clube» para as negociações.
No total, segundo o dirigente do Silves, a recuperação do Estádio custa 800 mil euros, incluindo a substituição total do relvado, bem como a construção de nova bancada e dos balneários. Está já em curso, além da retirada do antigo relvado natural e de toneladas de terra – obra feita com homens e máquinas da Câmara – a recuperação dos muros exteriores, também a cargo da autarquia.
Para poder concretizar todas as obras previstas, e assim garantir condições aos atletas e público, o Silves FC espera também conseguir convencer o Governo a, «já que fomos a única instituição afetada seriamente pelo tornado que não recebeu qualquer apoio», pelo menos «não ganhar dinheiro com a nossa desgraça».
«Estamos a tentar agendar reuniões com o Governo, para lhes apresentar a nossa proposta e fazer ver que o Estado não devia ganhar dinheiro com a nossa desgraça e que devia isentar as obras que precisamos de fazer dos 23% de IVA. Não pedimos que nos deem dinheiro, mas pedimos que ao menos não ganhem dinheiro com a nossa desgraça e que nos concedam um regime de exceção, durante dois ou três anos, para a recuperação do Estádio. Em 300 mil euros, são quase 7o mil que pagamos de IVA, por isso seria uma boa ajuda termos a isenção», acrescentou Tiago Leal.
Relvado sintético pronto em Setembro
O objetivo do Silves FC é que o relvado sintético fique pronto em setembro, a tempo de começar a nova época. «Queremos voltar a ser competitivos com as novas instalações», disse o presidente do clube.
Atualmente,o SFC tem «cerca de 300 atletas, mas pode chegar aos 500 se tiver outras condições, nomeadamente para atrair mais miúdos».
Além do futebol sénior – o Silves FC disputa a 1ª Divisão Distrital, e, apesar das dificuldades de não terem campo próprio para jogar, acabou por se classificar a meio da tabela, em 9º lugar – as modalidades praticadas são o futebol de formação, o futsal e as lutas amadoras.
Há duas semanas, o clube promoveu um jantar de encerramento da época, que também servia para angariar verbas e a resposta foi de tal maneira positiva que participaram 600 pessoas e «até recusámos inscrições, porque não havia mais capacidade».
Isto prova, segundo Tiago Leal, que o clube é querido na cidade. «Foi fantástica a resposta das pessoas!».
O futuro imediato passa pelas obras imprescindíveis para o funcionamento do clube, e que permitirão concentrar no Estádio Dr. Francisco Vieira e no Pavilhão Desportivo toda a atividade desportiva, criando mais dois campos de futebol de 7 e um de 5, utilizando a capacidade de carga acrescida do relvado, que será dez vezes superior.
Mas passa, sobretudo, «por estabilizar o clube de modo a garantir o futuro, com um clube muito sustentado».