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A despesa corrente da Câmara Municipal de Tavira caiu, ao longo deste ano e até julho, 10 por cento, através de «medidas de contenção aplicadas no dia a dia da autarquia», disse ao Sul Informação Jorge Botelho, presidente da autarquia.

«Estamos a meio de um mandato autárquico particularmente exigente, atendendo às condições financeiras que todos os municípios atravessam», salientou.

O edil de Tavira falava ontem à noite, num balanço com os jornalistas sobre os seus dois anos de mandato. Jorge Botelho recordou que, quando o novo executivo PS por ele presidido entrou, «cortámos logo 20 por cento da estrutura fixa da Câmara».

«Ao longo deste tempo, a nossa preocupação tem sido diminuir as despesas correntes, para libertarmos dinheiro para as despesas de investimento».

«A nossa estratégia de contenção orçamental passa por não gastar mais do que podemos, nem endividar a Câmara mais que ela pode ser endividada», acrescentou Jorge Botelho.

Esta operação de emagrecimento da máquina autárquica tem-se revelado cada vez mais importante, tendo em conta a profunda crise que atingiu o país e a que a Câmara de Tavira não é imune.

«Neste último ano, sofremos uma quebra de receita de 20 por cento». Só a descida na coleta do IMT, imposto que incide sobre as vendas de imobiliário, atingiu, em 30 de Setembro, «66 por cento, o que significa menos quase três milhões de euros a entrar nos cofres da Câmara», revelou o autarca.

Mas também noutra área importante para as receitas da Câmara os valores arrecadados estão em acentuada quebra: nas receitas dos licenciamentos de loteamentos, a queda de receitas atingiu os 48 por cento, ou seja, menos 1,1 milhões de euros arrecadados.

«Neste momento, o município de Tavira tem de receita menos cerca de cinco milhões de euros», sublinhou Jorge Botelho.

Por isso, frisou o presidente da autarquia, «acentuámos as medidas de contenção no dia a dia». Um dos exemplos que deu foi o do «Verão em Tavira», «que não deixou de fazer-se com muita qualidade, até pelo que significa de atratividade do concelho, mas que este ano custou menos 35 por cento que em 2010, graças a uma programação que foi feita mais cedo e a outras sinergias que conseguimos criar».

No entanto, com as receitas a cair no global 20 por cento e as despesas a diminuir, mas apenas 11 por cento, Jorge Botelho salientou ter sido necessário tomar novas medidas de contenção.

«No mês passado, fiz um despacho interno, que impõe um conjunto de medidas de contenção suplementares aos serviços da Câmara». Que tipo de medidas? «Cortámos eventos, festas, jantares, ajudas de custo, horas extraordinárias», enumerou Jorge Botelho.

«Não fizemos muita publicidade a estas medidas de contenção, porque esta é a nossa forma de atuar. Mas a verdade é que tomámos as medidas e já estamos a obter resultados», acrescentou o autarca.

Os esforços de rigor que a Câmara de Tavira tem vindo a fazer neste mandato, nos últimos dois anos, permitiram, por exemplo, que «tenhamos saído do lote de Câmaras que não pagavam aos seus fornecedores em 90 dias», sublinhou o autarca socialista.

Apesar da contenção motivada pela acentuada quebra de receitas, a autarquia tavirense decidiu baixar a derrama para 0,5 por cento em 2012. Jorge Botelho manifesta mesmo a sua intenção de, em 2013, nem sequer cobrar derrama às empresas.

«Estamos numa rota inversa da maior parte as Câmaras», frisou.

A derrama é um imposto municipal sobre os lucros das empresas sediadas no concelho. Ora, Jorge Botelho sublinhou que, «se temos um parque industrial e um parque empresarial e queremos atrair empresas investidoras para estas duas estruturas, temos que lhes criar um conjunto de condições que tornem atrativa a sua fixação em Tavira». A derrama baixa e a sua eliminação futura são uma dessas condições.

Além do mais, como admitiu o presidente, «tal como as empresas estão neste momento, as receitas da derrama também não seriam grandes».

sulinformacao

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