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A deformação da abóbada da Igreja de Santo António, em Lagos, situação agravada pelo descolamento entre a abóbada e a fachada do edifício, e ainda o iminente perigo de derrocada estiveram na origem do encerramento ao público daquele monumento nacional, decidido em conjunto pela Câmara Municipal e pela Direção Regional de Cultura.

Dália Paulo, diretora regional de Cultura, disse ao Sul Informação que a decisão de encerrar o monumento teve a ver com o «risco para a segurança das pessoas», mas que se trata de uma situação temporária. Falta é saber quanto tempo irá a igreja do século XVIII, conhecida pelo seu rico interior coberto de talha dourada e azulejo, estar fechada.

É que a Câmara de Lagos, através da empresa municipal Futurlagos, e em parceria com a Direção Regional de Cultura, já tinha candidatado e feito aprovar um projeto de reabilitação da cobertura daquela igreja. O projeto, aprovado no âmbito do PO Algarve 21, orçava em cerca de 21 mil euros.

Só que a deformação da abóbada e as outras anomalias entretanto detetadas indicam que a intervenção terá de ser muito mais profunda e, por isso, mais cara. Ora isso implica uma «reprogramação financeira e física do projeto», que já não poderá limitar-se ao que foi aprovado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, no âmbito do PO Algarve21.

Um dos trabalhos da equipa que está a tratar da questão – e que inclui representantes da Câmara de Lagos, da Futurlagos e da Direção Regional de Cultura – será precisamente tentar convencer a CCDR da necessidade de reprogramar a intervenção. «O projeto que terá que ser feito agora é diferente do que foi aprovado, porque as condições do monumento se alteraram».

Para já, e porque o tempo urge, «uma equipa de especialistas de engenharia e arquitetura» deslocou-se ao local, para uma visita de avaliação. Dois técnicos do Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve estiveram ontem na igreja, para fazer um primeiro diagnóstico da situação.

É que, ao que apurou o Sul Informação, a Universidade do Algarve também vai ser parceira, já que tem os meios técnicos e humanos para este tipo de trabalhos de diagnóstico e de proposta de soluções.

Entretanto, além do encerramento ao público, foi colocada no interior da igreja uma estrutura para escoramento da abóbada. Em breve, deverá ser também colocada uma cobertura provisória no edifício, de modo a permitir a retirada do telhado, para ver o que se passa com a abóbada, ou seja, quais as patologias que a estão a afetar.

Dália Paulo revelou também ao nosso jornal que, por se tratar de um monumento muito importante, um dos mais visitados de Lagos e até do Algarve, no Museu que lhe fica ao lado será colocada informação sobre o que se passa com a Igreja e sobre o «andamento da intervenção e das obras futuras. Será uma forma de as pessoas poderem acompanhar as obras». Essa informação, acrescentou aquela responsável, «será mudada periodicamente, sempre que houver novidades».

A decisão de fechar ao público a Igreja de Santo António foi concretizada no dia 12 de outubro, mantendo-se o Museu Municipal Dr José Formosinho, que fica ao lado, aberto sem quaisquer limitações ao público.

A Igreja de Santo António (Monumento Nacional) é uma das mais belas do país. O seu interior é decorado a talha dourada e as paredes são revestidas por painéis de azulejos em azul e branco do século XVIII.

O Museu Municipal de Lagos, instalado junto à Igreja de Santo António, conserva importantes coleções de pintura, arqueologia e etnografia do Algarve, numismática e arte sacra, nomeadamente talha, do século XVII.

sulinformacao

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