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Parecia que o mais difícil tinha sido conseguir abrir as portas, depois de anos de trabalho e dedicação, pontuados de dificuldades. Mas os responsáveis da Tertúlia Algarvia depressa perceberam que seria igualmente complicado evitar que a inauguração só para convidados, funcionários e familiares, que marcou o primeiro dia de atividade do novo espaço gastronómico e cultural de Faro, fosse “invadida” por turistas.

A boa notícia, para os habitantes locais e para os visitantes, é que a Tertúlia Algarvia, situada no Largo Afonso III, na Vila-Adentro de Faro, está aberta ao público em geral a partir de hoje, terça-feira.

O caminho até ao dia da inauguração definitiva foi demorado e difícil, pontuado por peripécias e todo o tipo de questões técnicas e burocráticas.

Uma «história bem longa, que já é mais ou menos conhecida», a qual João Amaro, um dos impulsionadores do projeto, prefere não focar. O importante, diz, é que chegou o tão esperado momento de abrir portas.

«Agora é fazer com que a casa funcione durante muitos e muitos anos. Temos todas as condições para que isso aconteça. Temos um espaço fantástico, bem localizado e uma excelente equipa. O futuro está nas nossas mãos. Temos de ter capacidade de satisfazer as pessoas, nomeadamente no que toca à relação qualidade/preço», ilustrou João Amaro, numa conversa com o Sul Informação.

A inauguração da casa era aguardada não só pelos promotores do projeto, cuja ideia nasceu «em reuniões realizadas às 6 da manhã», em 2005, num hotel de Faro, mas também pelos funcionários, que já estavam ligados à Tertúlia Algarvia.

Ao todo, vão ser criados 16 novos postos de trabalho permanentes, 12 na área da restauração e eventos e quatro no setor administrativo.

Muitos destes trabalhadores já vinham colaborando com a Tertúlia Algarvia, uma vez que, mesmo sem ter um espaço a que chamasse seu, a associação não esteve parada e desenvolveu projetos paralelos, como a Algarteca ou o catering de eventos.

«O objeto principal da associação Tertúlia Algarvia é criar espaços temáticos de divulgação da gastronomia e cultura do Algarve. Conseguimos isso hoje. Continuaremos a realizar as outras atividades paralelas e o futuro será aquilo que formos capazes de fazer dele», acrescentou João Amaro.

 

Tertúlia Algarvia faz homenagem à cultura da região

Gastronomia típica, com um refrescante toque gourmet, forte aposta nos produtos regionais, artesanato feito na região, usando materiais endémicos e múltiplas referências à cultura do Algarve são aquilo que salta à vista, no espaço da Tertúlia Algarvia agora inaugurado.

Desde as mesas e bancos em madeira forrada de cortiça, cujo tampo de vidro é uma porta para conhecer um pouco mais o Algarve, aos frutos secos com que nos deparamos ciclicamente, passando por literatura relativa à região, tudo aponta para a riqueza da região mais no Sul de Portugal.

E se o interior do edifício e a decoração escolhida já são uma homenagem ao Algarve, as partes exteriores, com pátios, terraços e mirante completam o conjunto.

Localizado em pleno coração da Vila-Adentro, o espaço gastronómico e cultural oferece perspetivas únicas desta zona histórica, com destaque para o mirante, encostado ao jardim da Sé de Faro e com contacto privilegiado com uma das principais referências patrimoniais da região.

Elementos que, aliados às paredes brancas, quase brilhantes da tinta recentemente colocada e ao apelativo sinal em tons  vivos nelas desenhado, prometem ser um autêntico íman de turistas.

Ontem de manhã, eram muitos os grupos de visitantes estrangeiros na Cidade Velha de Faro e, sempre que passava uma nova vaga, havia um grupo que procurava juntar-se à festa de inauguração, movido pela curiosidade. «Pedimos desculpa, hoje é só para convidados», repetiam diferentes membros da Tertúlia Algarvia, causando, invariavelmente, uma expressão de desilusão no rosto dos potenciais clientes.

«O espaço é muito apelativo e a Vila-Adentro é dos centros históricos mais bonitos do Algarve. A casa tem bom aspeto, por fora e, de facto, convida as pessoas», ilustrou João Amaro.

 

Serão os clientes a decidir o que é a Tertúlia Algarvia

O espaço que ontem abriu não tem ainda uma definição certa. A ideia, como ilustrou João Amaro, é divulgar a gastronomia e a cultura algarvia, mas os responsáveis pelo projeto preferem que sejam os que usufruem da nova casa da Tertúlia Algarvia a colocar-lhe um rótulo.

«Temos esta base da restauração e da gastronomia, mas queremos que o espaço seja conhecido por mais do que isso. Não queremos ser caraterizados como um simples restaurante que abre as portas e as pessoas vêm», ilustrou outro dos mentores do projeto Jorge Brandão.

«Vamos além disso. Queremos ir ter com as pessoas, mostrar-lhes que gostaríamos de as ter cá e de as fazer sentir em casa, uma vez que isto, no fundo, é a casa delas», acrescentou.

Para atingir este objetivo, a Tertúlia Algarvia vai «desenvolver atividades na área da gastronomia, cultura, música e história», numa perspetiva de dar a conhecer e promover o Algarve junto de quem visita o espaço.

«Temos espaços diferentes, isolados. Conseguimos ter show cookings, workshops e outras atividades, todos a decorrer ao mesmo tempo, sem interferirem uns com os outros», ilustrou Jorge Brandão.

 

Um edifício centenário para dar mais alma ao projeto

A Tertúlia Algarvia está instalada num edifício com cerca de dois séculos, colado à Sé de Faro, que foi recuperado e adaptado aos objetivos da associação

«No fundo, trata-se da união de dois edifícios, este que dá para o Largo Afonso III, o principal e outro que dá para a Rua do Trem. Este é um edifício do século XVII ou XVIII, mas, entretanto, teve de ser reconstruido nos anos 80, devido a um problema derivado de uma demolição mal feita», explicou Thierry Farias, o arquiteto responsável pela remodelação do edifício.

«O desafio foi ultrapassar uma série de condicionantes da estrutura que foi feita no interior, naquela altura, já que a traça original foi mantida. Deu algum trabalho a “cozinhar” com o novo projeto», explicou.

O espaço agora inaugurado é, no mínimo, multifacetado. «No rés-do-chão, temos uma sala de receção que funciona como bar de tapas, durante o dia e a noite. Serve também como loja [de produtos regionais]. No primeiro andar temos um espaço mais formal de restauração, que dá para um telhado e uma série de pátios exteriores e terraços, que ajudam a fazer uma leitura melhor do edifício», descreveu.

sulinformacao

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