Uma tina cerâmica de grandes dimensões, que foi descoberta e exumada durante a intervenção arqueológica no espaço localizado por baixo da Biblioteca Municipal de Silves passou agora a integrar a exposição permanente do Museu Municipal de Arqueologia de Silves.
A tina cerâmica, que mede cerca de 55 centímetros de altura e 85 centímetros de diâmetro, foi retirada intacta da área intervencionada, que corresponderia ao arrabalde oriental da cidade islâmica.
A retirada da peça recorreu, segundo nota da Câmara de Silves, a um «complexo trabalho de cooperação entre arqueólogos e empreiteiro, dado que foi necessário construir uma viga para suportar a casa contígua a norte, de modo a poder retirar o objeto, tal como documentam as fotos».
Este tipo de objetos é considerado «muito raro no território português, encontrando paralelos na cidade de Zamora (Espanha)» e estaria «associado à indústria dos curtumes».
«Foi a grande quantidade de cal agregada às paredes internas do recipiente que remeteu os arqueólogos para a interpretação da sua funcionalidade», acrescenta a nota da autarquia.
Serviria para nele se mergulharem as peles, de modo a que a cal atacasse o que restava da epiderme e do tecido subcutâneo dos animais, ao mesmo tempo que aumentava e dilatava as fibras da derme, preparando-as para melhor absorverem o banho de tanino que se lhes seguia, no processo de tratamento de peles.
«O objeto em causa, único que conhecemos completamente intacto, terá uma cronologia em torno do século XII e será apresentado num encontro científico que terá lugar na cidade francesa de Montpellier, no âmbito de um Congresso Internacional sobre Grandes Contentores Cerâmicos», revela ainda a Câmara de Silves.
«O estudo, conservação, valorização e divulgação do nosso património histórico-arqueológico constitui uma das estratégias de intervenção do Município, por forma a perpetuar a nossa memória coletiva e, também, a desenvolver outras formas de atratividade turística para a região», conclui a nota de imprensa.