O Serviço de Urgência Básica de Loulé esteve mais de uma hora sem médico, na manhã desta terça-feira e está a trabalhar desde as 9h15 da manhã com apenas um clínico, quando a lei estipula um mínimo de dois profissionais.
Uma situação que os presidentes das Câmaras de Loulé e de São Brás de Alportel, concelhos que mais beneficiam deste serviço, consideram «intolerável», agravada pelo facto de «não ser a primeira vez».
Os dois autarcas já se reuniram esta manhã e estão a ultimar uma posição pública conjunta. Entretanto, revelaram Vítor Aleixo e Vítor Guerreiro ao Sul Informação, já foram pedidas explicações à Administração Regional de saúde, mas a resposta não deixou os deixou «satisfeitos».
Apesar de remeterem mais pormenores para a nota conjunta que irão lançar dentro de algumas horas, adiantaram ao nosso jornal que está em causa uma falha de mais de uma hora na escala, entre as 8 horas e as 9h15, que acabou por ser suprimida por um médico do Centro de Saúde de Loulé, que cancelou as consultas que estavam marcadas para o dia de hoje.
Segundo Vítor Aleixo, o médico que está neste momento a garantir o funcionamento da SUB, «cancelou 20 consultas, que foram remarcadas para o final de agosto e princípio de setembro». «Estamos a falar de pessoas que estavam à espera de consulta há mais de um mês e, de repente, as veem canceladas», ilustrou.
Esta solução de recurso, apesar de estar a permitir que a SUB funcione, «contraria claramente a lei», que estipula que «têm de estar ao serviço pelo menos dois médicos», para fazer face a eventuais contingências.
«As pessoas estão muito preocupadas, uma vez que já houve outras situações em que faltaram médicos. Apesar do discurso oficial dos responsáveis pela saúde, que anunciam a contratação de mais profissionais de saúde, no dia-a-dia vemos o contrário: a impossibilidade de garantir o mínimo dos mínimos. Esta é uma situação intolerável, para o presidente da Câmara de Loulé», acusou Vítor Aleixo.
Uma visão que o presidente da Câmara de São Brás partilha. «É inaceitável o que está a acontecer na região. Um défice tão grande na resposta, na área da saúde, é impensável», considerou Vítor Guerreiro.
São Brás, lembrou o edil, é parte interessada nesta matéria, uma vez que a urgência louletana é aquela que fica mais próxima. «Os são-brasenses fazem 12 quilómetros para ir à SUB de Loulé, chegam lá, deparam-se com a falta de médicos e têm de seguir para Faro. Já aconteceu antes. Há pessoas idosas, que têm de ir de transportes ou de táxi, pago com as suas magras reformas e arriscam-se a não ser atendidos», disse.
Quanto à solução encontrada, Vítor Guerreiro também foi muito crítico. «Se me contassem, teria dificuldade em acreditar. Tirar um médico do Centro de Saúde, para assegurar o SUB, e de forma muito precária, é gritante e intolerável», disse.
Esta situação acontece cerca de uma semana depois de o Bastonário da Ordem dos Médicos ter alertado para a eminente «rutura dos serviços de saúde no Algarve» e da garantia, dada no mesmo dia pela ARS Algarve, que «em breve» haveria reforço de médicos nas unidades de saúde da região.
Entretanto, o ministro da Saúde Paulo Macedo anunciou, no Parlamento, a contratação de mais médicos e enfermeiros para o Algarve.