A Via Algarviana «é uma espécie de polvo que vai agora ganhando tentáculos». As palavras são de Anabela Santos, coordenadora do projeto da grande rota pedestre que atravessa o Algarve de Alcoutim ao Cabo de São Vicente e que é promovida pela Associação Almargem.
Os «tentáculos» são os percursos complementares que têm estado a ser criados e que pretendem ligar a Via Algarviana, que percorre o interior da região, na sua maior parte atravessando a serra, ao litoral. «Queremos ir buscar turistas ao litoral e ao mesmo tempo criar novas alternativas para quem quer percorrer a Via Algarviana», disse Anabela Santos, no sábado passado, na inauguração de mais um destes percursos complementares, entre Marmelete e Aljezur.
Num total de 20,7 quilómetros, medidos pelo GPS do smartphone de um dos participantes, este percurso começa por seguir ao longo da ribeira das Cercas, que desce da Serra de Monchique em direção à várzea de Aljezur, entre vegetação ripícola frondosa e sobreiral, para depois subir aos cerros e dar a ver a paisagem deslumbrante da Costa Vicentina, com o mar ao fundo.
Estes percursos complementares integram a segunda fase da Via Algarviana, que prevê ainda a criação de produtos associados e, acima de tudo, a criação de um modelo de gestão que permita a este território ser auto sustentável, já a partir de 2013.
Entre as medidas complementares estão dezenas de novos trajetos, entre percursos audioguiados, rotas temáticas, percursos circulares complementares à Via Algarviana e ligações ao litoral.
«O objetivo é que, quando por exemplo uma pessoa vem passar férias a Aljezur ou a Monchique, possa ter uma série de alternativas de caminhadas, seja ao longo da Via Algarviana, seja nos seus percursos complementares e nas rotas temáticas, promovendo a permanência desses turistas mais tempo no interior do Algarve», acrescentou Anabela Santos.
Além do percurso complementar Marmelete/Aljezur, que até permite ligar a Via Algarviana à Rota Vicentina, no domingo passado foi também inaugurada, com uma caminhada, a ligação de Bensafrim à Estação de Lagos, num total de 10 quilómetros.
Em julho e agosto, aproveitando as noites de luar, foi percorrida pela primeira vez, em dois troços, a ligação da Estação de Caminhos de Ferro de Loulé à Via Algarviana. E em breve se prevê uma caminhada de inauguração da ligação de Portimão a esta grande rota pedestre.
«O que queremos é ir buscar os turistas ao litoral e levá-los para o interior, onde há este tipo de oferta ao nível do Turismo de Natureza». Com isto, acrescentou Anabela Santos, poderá contribuir-se para tornar «auto-sustentável o território do interior, atravessado pela Via Algarviana».
Na caminhada entre Marmelete e Aljezur, feita sob um sol intenso que brilhou sobretudo nas zonas de eucaliptal quase sem sombras, participaram 35 caminhantes, vindos de todo o Algarve e até mesmo de Lisboa. Um deles era José Gonçalves, vice-presidente da Câmara de Aljezur, que garantiu o entusiasmo da autarquia pelo projeto.
Aliás, a ligação contou com o apoio da Câmara de Aljezur, que, no fim da caminhada de mais de 20 quilómetros serra acima, serra abaixo, garantiu um autocarro para transportar os cansados participantes de volta a Marmelete.
Uma das estrelas do passeio foi o burro Gecko, da Sophia von Metzingen, da empresa «Burros & Artes» (que promove precisamente passeios a pé acompanhados por burros), que, no seu passo calmo, percorreu grande parte do percurso mesmo sob o sol intenso, e se deixou afagar por todos. Desta vez nem sequer teve de carregar as mochilas dos caminhantes.
Veja aqui o álbum de fotografias da caminhada de Marmelete a Aljezur.