A Vila de Alcoutim «está sem médicos há dois meses», denunciou a Câmara deste concelho do interior do Algarve.
A autarquia terá chegado a acordo com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve , para ser ela própria a contratar um clínico para garantir o funcionamento da Unidade de Saúde Familiar local, mas acabou por ver o instituto público a negar esta solução, a dois dias da assinatura do contrato, por considerar que a medida «não seria bem vista».
A ARS do Algarve, acusou o município alcoutenejo, não deixou resolver a situação, mas também não parece perto de arranjar, ela própria, uma solução.
Apesar de, num primeiro momento, ter garantido a contratação de uma médica, em regime de prestação de serviços, na altura em que se tinha de renovar o contrato, em Janeiro, não o fez, «ora por falta de verba para contratar, ora por falta de autorização da despesa por parte do Ministério da Finanças, num processo moroso e burocrático».
Foi para desbloquear esta situação que o município de Alcoutim se ofereceu para custear, ele próprio, a contratação da médica.
«Tendo a ARS do Algarve concordado com esta proposta, o presidente da Câmara de Alcoutim [Osvaldo Gonçalves] diligenciou a continuidade da profissional de saúde que tinha estado colocada até final de Dezembro, tendo sido autorizada a sua designação. Dois dias antes do início da prestação de serviços, foi o presidente da Câmara contactado pelo ACES do Sotavento, a dar conta de que a solução encontrada não estaria a ser muito bem vista e que não seria possível autorizá-la, pelo que teríamos que esperar que a solução viesse da própria ARS do Algarve», descreveu a autarquia.
«Hoje, passados mais de quatro meses sobre o início deste problema, não há qualquer solução temporária ou definitiva, sendo questionável, já, se de facto alguém está verdadeiramente preocupado com a prestação de cuidados de saúde primários à população para além do presidente da Câmara de Alcoutim. Ninguém de bom senso consegue entender esta morosidade na resolução do problema e os cidadãos de Alcoutim não aceitam que a crise seja desculpa para tudo», concluiu a Câmara de Alcoutim.
Segundo o município, a origem do problema remonta a Outubro de 2015, altura em que «infortúnios vários comprometeram a assiduidade dos dois médicos que asseguravam tais serviços».
«Ficámos dependentes do único médico disponível, colocado a mais de trinta quilómetros na Extensão de Saúde de Martim Longo, onde serve a população das freguesias de Martim Longo e de Vaqueiros, depois do encerramento inesperado e injustificável da Extensão de Saúde de Vaqueiros em Outubro de 2013», enquadrou.