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A Câmara Municipal de Vila Real de Santo António anunciou hoje que considera «manifestamente insuficiente o facto de apenas 44 por cento do seu território estar coberto com sinal de Televisão Digital Terrestre (TDT)», tendo já solicitado junto da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) e da Portugal Telecom o reforço de sinal no concelho.

«Não podemos aceitar que, em plena malha urbana de Vila Real de Santo António, sejam captados mais de 40 canais espanhóis, enquanto os canais portugueses nem sequer são captados pelos descodificadores compatíveis com a norma portuguesa. Da mesma forma, não nos parece razoável que cada família seja obrigada a gastar cerca de cem euros num kit satélite, que se afigura como a solução alternativa aos serviços de TV paga em 56% da área do concelho», afirma o presidente da Câmara Luís Gomes.

Apesar de este processo não ser da sua responsabilidade, a autarquia afirma-se «consciente dos transtornos para os munícipes» e já solicitou, junto da Portugal Telecom, uma reunião com carácter de urgência de forma a ultrapassar o problema e perceber por que razão VRSA é um dos concelhos, a nível nacional, com menor percentagem de cobertura por sinal de TDT.

Para conhecer a real a dimensão do problema, a autarquia está também a solicitar aos munícipes, através dos diversos canais de contacto – página online, Portal do Munícipe, Newsletter, Facebook, email e telefone – que reportem as dificuldades sentidas.

Da mesma forma, a Câmara Municipal acompanha, há várias semanas, as reclamações dos residentes que já entraram em contacto com o município, tendo já encaminhado as diversas queixas recebidas para as entidades competentes, ajudando desta forma os vila-realenses a ultrapassar os problemas na captação de sinal.

«Porque sabemos que existem muitas pessoas com dificuldades económicas que não têm acesso aos serviços de televisão paga e têm o direito de continuar a aceder livremente aos quatro canais nacionais, a Câmara Municipal já solicitou uma reunião, com carácter de urgência, à Portugal Telecom, e exige que VRSA tenha as mesmas condições de cobertura dos municípios que dispõem de retransmissores instalados nos seus territórios», diz ainda Luís Gomes.

Quinze emissores analógicos de televisão, entre os quais os de São Miguel, no Algarve, e do Mendro (Baixo Alentejo), e mais de uma centena de retransmissores analógicos, foram ontem, dia 26 de abril, desligados em todo o país, e com isso fica concluído o plano de switch off, deixando o sinal analógico de ser emitido em definitivo em todo o território de Portugal.

A transmissão televisiva em Portugal é agora feita através da televisão digital terrestre (TDT). Apesar de ontem Alfredo Baptista, administrador da Portugal Telecom (PT), ter afirmado que a cobertura terrestre se cifra neste momento nos 94 por cento, há muitas áreas do Sul do país situadas em zonas de sombra.

 

500 casas sem televisão em Alcoutim

 

Em Alcoutim, que a partir de ontem também ficou parcialmente «à sombra», a situação afeta mesmo cerca de 500 casas espalhadas por todo o concelho, segundo revelou ontem, em declarações à Antena1, o presidente da Câmara Francisco Amaral.

«80% do concelho de Alcoutim deverá ficar às escuras», garantiu o autarca, situação que é tanto mais grave quando se sabe que se trata de um município com muitas «pessoas isoladas, longe de informações, que auferem pensões de reforma de miséria».

Para fazer um ponto da situação, desde ontem que a Câmara alcouteneja tem três brigadas a percorrer casa a casa o concelho, «para saber quem vê e quem não vê televisão». «Vamos ver quem está às escuras , para tentar ajudar e resolver as situações», com o apoio da IPSS, explicou Francisco Amaral.

Mas isso, disse, «requer algum apoio técnico e logístico» pelo que vai levar «semanas a resolver».

O autarca do PSD lamenta este «apagão» em Alcoutim, salientando que ele afeta uma população constituída na sua maioria por idosos com «magras reformas», para quem «a televisão era das poucas companhias que tinham».

 

Mértola conseguiu apoio suplementar da PT

 

No vizinho concelho de Mértola, já no Baixo Alentejo, 40% do território ficou desde ontem na chamada zona de sombra. No entanto, aqui a população idosa, com mais de 65 anos, e menos de 500 euros de reforma vai ser ajudada a comprar o kit necessário para resolver o problema, segundo anunciou o presidente da Câmara mertolenga.

Jorge Rosa revelou que, após a apresentação de diversas reivindicações à administração da PT, e numa reunião no passado dia 20, «a Câmara foi informada da alteração do sistema de apoio, numa deliberação datada de 26 de março, que passa a incluir nos beneficiários, com preços mais reduzidos, reformados que recebam menos de 500 euros, carenciados referenciados e desempregados».

Esta alteração, sublinhou o autarca alentejano, «deveu-se a algumas reivindicações feitas pelo Município de Mértola, numa reunião com um dos administradores e os responsáveis pelo projeto TDT, no passado mês de fevereiro».

«Este apoio no concelho de Mértola é fundamental, quer pelas características da população, quer pelo facto de só 60 por cento do concelho estar abrangido pela TDT», acrescentou Jorge Rosa.

A Câmara de Mértola já se reuniu com as Juntas de Freguesia para explicar este novo tipo de apoio, e disse que a autarquia vai agora «trabalhar para identificar as pessoas que, a partir de dia 26, ficam sem sinal de televisão e não têm condições para instalar o kit de satélite». Estes kits, explicou ainda o autarca, para as pessoas que reúnam as condições de carência definidas, vão custar não 91 euros, mas 15 euros, graças ao «apoio suplementar» que é garantido pela PT.

 

Aljezur critica diferença de tratamento

 

Quem não ficou nada contente com este apoio suplementar garantido pela PT aos habitantes idosos e carenciados de Mértola foi José Gonçalves, vice-presidente da Câmara de Aljezur.

Neste concelho da Costa Vicentina, ainda há problemas de zonas de sombra em Odeceixe e Carrapateira. Nesta última localidade, segundo José Gonçalves, até já circulou um abaixo-assinado a pedir um aumento de potência do emissor de TDT da Fóia.

O autarca de Aljezur diz que «tira o chapéu» ao presidente da Câmara de Mértola, que conseguiu negociar para este concelho apoios suplementares, mas critica a atitude da PT, dizendo que «as pessoas devem ser tratadas de igual modo».

É que a Câmara de Aljezur andou a investir, do seu próprio bolso, na resolução do problema das zonas que ficaram à sombra e sem sinal de TDP após o desligamento do emissor da Fóia, em 23 de janeiro, mas agora «no decorrer de todo este processo, há pessoas a pagar 100 euros e pessoas a pagar 20 euros» para comprar o kit de satélite.

Daí que, avisa José Gonçalves, «a Câmara de Aljezur reserva-se o direito de ver o que vai agora fazer» em relação à TDT e à Portugal Telecom.

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