«Isto aqui virou a Disneyland do hipismo», considerou o cavaleiro brasileiro Carlos Ribas, na apresentação do Vilamoura Champions Tour, que trará 900 cavalos e 280 cavaleiros de 30 países a este empreendimento turístico do concelho de Loulé, até ao dia 18 de outubro.
O atleta brasileiro foi um dos convidados para estar presente na sessão de apresentação do evento, que decorreu na quinta-feira, o primeiro dia de provas, no Centro Hípico de Vilamoura.
Este complexo volta a tornar-se uma aldeia hípica, durante cerca de um mês, e a receber alguns dos mais conceituados cavaleiros da atualidade, portugueses e estrangeiros, bem como os seus acompanhantes, numa total de mais de duas mil pessoas.
Este é o segundo evento hípico de grande dimensão que se realiza nesta localidade, em 2015, depois de em Fevereiro, Março e Abril ter decorrido, no mesmo local, o Vilamoura Atlantic Tour. As milhares de pessoas que participam nas provas ou que as acompanham, enchem os hotéis da zona, ao ponto de a lotação das unidades de cinco estrelas do empreendimento «estar praticamente lotada», durante o próximo mês.
Tudo isto conta para fazer deste evento algo «único aqui na Europa», na visão de Carlos Ribas. «Reúne o top do desporto e é muito competitivo. Mas, ao mesmo tempo, há a parte turística, que dá um enquadramento para que os patrocinadores e proprietários possam estar cá e divertir-se», considerou o brasileiro.
É este sentimento de quem vem de fora que os organizadores da prova querem aproveitar, para consolidar o hipismo como um produto turístico, em Vilamoura. E tanto esta prova de início de Outono, como a que se realiza na Primavera, remetem para o mesmo nome, o de António Moura, o pai dos eventos e responsável pela sua organização, através da empresa Alubox.
O grande impulsionador dos eventos hípicos que este empreendimento de Loulé acolhe não esconde que tudo começou pela paixão que tem pelo o hipismo – «uma doença que eu tenho desde que nasci» -, que persiste na família Moura há quatro gerações. Uma dedicação a esta modalidade que já dá frutos.
«Vilamoura foi considerada o destino equestre número um da Europa, por que é onde existem mais provas de saltos de obstáculos de alto nível e ranking mais elevado», revelou António Moura. Com este estatuto, vem o estímulo à economia, já que cada prova destas pode gerar um retorno financeiro de muitos milhões de euros. No caso da que está atualmente a decorrer, a perspetiva é que gere «cerca de 4,5 milhões de euros por semana», 20 milhões no total.
Este “pote de ouro” pode ser ainda mais influente, nos proveitos de Vilamoura, principalmente se houver algum investimento da parte da Vilamoura World, empresa que gere o empreendimento, no Centro Hípico.
«Estas instalações são provisórias e temos de montar e desmontar estas tendas que, apesar de serem muito bonitas, nunca terão o conforto de infraestruturas permanentes», ilustrou António Moura. Também passa por ai o concretizar de um objetivo assumido pela organização: realizar em Vilamoura um evento de cinco estrelas (o Atlantic Tour é já de quatro estrelas), o de qualidade mais elevada, com um prémio monetário mais elevado e uma maior capacidade de atração.
Prize money de 490 mil euros não é a única atração do Champions Tour de Vilamoura
A prova de obstáculos que já a decorrer em Vilamoura tem como atrativo o prize money de cerca de 490 mil euros, mas este está longe de ser o único trunfo da organização. Toda a envolvência do evento conta e, por isso, estão presentes cavaleiros de topo, com currículos de peso, para disputar dois Grandes Prémios de 2 estrelas e outros tantos de 3 estrelas.
Entre os cavaleiros presentes contam-se o brasileiro Rodrigo Pessoa, campeão olímpico em 2004, o belga Gregory Wathelet, atual vice-campeão europeu, Jos Lansink (Bélgica), campeão do mundo em 2006, Nick Shelton (Grã-Bretanha), campeão olímpico em 2012, o irlandês Bertham Allen, que ocupa a sétima posição do ranking mundial, Laura Kraut (EUA), a britânica Laura Renwick e as jovens holandesas Sanne Thijssen e Lisa Nooren.
O contingente português também tem nomes de respeito, desde logo Luís Sabino Gonçalves, que já foi campeão nacional por três vezes e que também esteve presente na apresentação do evento. Ao experiente cavaleiro luso junta-se o campeão nacional em título António Matos, o também já por duas vezes campeão nacional João Chuva, e os jovens João Pereira Coutinho e João Pedro Gomes.
Luis Sabino Gonçalves falou com o Sul Informação e deu a sua perspetiva sobre este evento, que já é uma referência a nível europeu. «É de gabar a coragem de António Moura e da sua equipa por terem lançado um evento desta dimensão. E a verdade é que, de ano para ano, têm vindo a melhorar as condições. Tentam responder às sugestões dos cavaleiros e evento tem-se consolidado e melhorado», considerou o cavaleiro.
«Os cavaleiros gostam de vir cá, porque as condições são boas e são recebidos com muito carinho. Qualquer necessidade que tenham, é logo respondida por parte da organização», acrescentou.
Além da organização, há outros trunfos que levam a que os cavaleiros, nomeadamente os estrangeiros, gostem de competir em Vilamoura. «Gostam, principalmente, do clima, da gastronomia e dos hotéis, que são óptimos e na época baixa têm bons preços. Eu sinto que para Vilamoura poder apostar bem na parte de Real Estate, têm de apostar em unir esta rota de Setembro e Outubro, à de Fevereiro, Março e Abril. Se construírem infraestruturas com um caráter mais definitivo, nomeadamente boxes em duro e, talvez, construir um picadeiro grande coberto, isso levará a que investidores possam comprar cá casa e passar cá boa parte do ano», considerou.
Esta crença baseia-se no facto de Vilamoura ter« condições muito boas», o que pode convencer os europeus do centro a apostar em fixar-se no Algarve, «em vez a estar a apanhar frio e neve, que às vezes não os deixam treinar a cavalo». «Com as ligações que há, com o Aeroporto de Faro, podem criar cá a base e viajar sempre que quiserem», ilustrou Luís Sabino Gonçalves.
O que já existe, em Vilamoura, são pistas de luxo, fruto de um investimento de mais de um milhão de euros. Com esta verba foram instalados dois campos de competição, três pistas de aquecimento, duas das quais cobertas e um campo de guias. Há, igualmente, 850 boxes, para acomodar os cavalos.
À sua volta é construída uma autêntica cidade, no período em que decorrem provas. Até 18 de outubro, estarão em funcionamento no Centro Hípico de Vilamoura dois restaurantes, dois bares, um centro de massagens, lavandaria, cabeleireiro, manicure, aluguer de bicicletas, motos e carros, uma loja de material equestre, uma clínica veterinária com spa para cavalos, uma zona de ferrador e serviços de fotografia e vídeo, entre outros.
A organização também disponibiliza um serviço que proporciona aos cavaleiros e os seus acompanhantes atividades de lazer e os leva a visitar os locais da região que desejarem, além de promover animação no recinto, nomeadamente com sessões de exercício físico.