Vítor Aleixo quer recuperar os serviços municipais, ao nível dos recursos humanos e mostra-se disposto a levar a cabo «um combate institucional» com o Governo e «contratar, se necessário, mais pessoas para os serviços». O recém-empossado presidente da Câmara de Loulé considera que, no passado, houve «uma espécie de agenda ideológica ou, no mínimo, um preconceito relativamente à capacidade de resposta da Câmara» e quer inverter esta realidade.
«Aquilo que estiver na minha mão, no sentido de poder trazer para a Câmara pessoas que possam trabalhar em competências que foram muito bem exercidas ao longo de anos, que foram entregues a privados e hoje até são mal exercidas, estou na disposição de fazer, para reconstituir esses serviços», afirmou
O novo edil louletano, que encabeçou a lista do PS à Câmara nas eleições do passado dia 29 de setembro, foi o convidado desta semana do programa radiofónico «Impressões», dinamizado em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve RUA FM (102,7 FM). O programa foi originalmente para o ar esta quarta-feira e pode voltar a ser ouvido na íntegra no sábado, às 12 horas.
«Estou pronto a esticar a corda até ao limite, para poder fazer aquilo que eu penso que é razoável e que pode criar postos de trabalho, com condições que não sejam tão agressivas como as que as pessoas hoje encontram no setor privado. E acredito que a autarquia pode exercer competências na área da manutenção de água, esgotos, jardins e limpeza urbana com eficácia», considerou.
Vítor Aleixo considerou que há «setores da câmara que foram, deliberadamente, empobrecidos». «Sempre houve a atitude preconceituosa de que se tinha de entregar as coisas aos privados, porque os funcionários da Câmara são uns nabos e não sabem fazer as coisas, ou fazem-nas com má qualidade e que o privado é que é bom», acusou.
«O que nós temos visto ao longo dos anos é que isso não passa de um preconceito e de um dogma, porque, muitas vezes, os privados também falham, são muito mais caros…têm as suas falhas. Não partilho desse ponto de vista e, como sou uma pessoa de convicções políticas fortes, tenderei, no meu mandato, a refazer os serviços administrativos e técnicos da Câmara municipal de Loulé», reforçou.
Uma tarefa que não se adivinha fácil, uma vez que a ordem vinda do poder central é de cortar nos funcionários públicos e há fortes restrições à contratação de novos funcionários.
«Se a reconstituição dos serviços passar pela contratação de mais pessoas, teremos de arranjar forma de o fazer. Porque não é fácil. Os contornos da lei são de muito apertados, mas nós estamos cá para travar essa luta, porque somos pessoas de causas», assegurou.
Uma postura que liga, diretamente, ao combate que Vítor Aleixo assume contra a privatização de serviços camarários. Algo que não significa, ainda assim, a intenção de mexer nas empresas municipais, mesmo aquelas que resultam de parcerias com privados e chamam a si competências nas áreas da limpeza e manutenção dos espaços públicos.
Os casos das empresas Inframoura, Infralobo e Infraquinta, responsáveis pela gestão das zonas públicas das três principais zonas turísticas do concelho, são diferentes, defendeu Vítor Aleixo. «Isso corresponde a um requisito de exigência de grande qualidade no tratamento do espaço urbano e no abastecimento dos bens públicos e tem a ver com o facto de considerarmos o turismo como a atividade económica de excelência em Loulé», disse.
Apesar de resultarem de uma parceria com privados, nomeadamente com os operadores turísticos de Vilamoura, Vale do Lobo e Quinta do Lago, «a autarquia detém uma posição maioritária nessas empresas municipais e, em termos decisórios, mantém intacta toda a sua capacidade».