O sistema de Atendimento Digital Assistido que o Governo quer associar aos novos Espaços do Cidadão, «poderá ser replicado noutros pontos da Europa» e é uma boa forma de ultrapassar alguns constrangimentos com que a União Europeia se deparou na tentativa de implantação de sistemas de “e-government” (utilização de serviços públicos online) na Europa.
A vice-presidente da Comissão Europeia Viviane Reding esteve em Faro e disse ter ficado agradada com as soluções encontradas pelo Governo para facilitar o acesso dos cidadãos aos serviços do Estado disponíveis online, neste projeto apoiado por Fundos Europeus.
Segundo o secretário de Estado da Modernização Tecnológica Joaquim da Costa, os «Espaços do Cidadão», surgem «como um complemento» aos serviços desconcentrados do Estado e querem-se «perto da população». O governo espera que, até final de 2015, abram mil espaços desta natureza, em todo o país, resultado de parcerias entre a Administração Central e autarquias ou os CTT.
Segundo o membro do Governo, o Atendimento Digital Assistido, conceito base por detrás em destes espaços, «combina o atendimento digital, que está no computador, com o presencial, com um funcionário concreto».
Um sistema cuja utilidade é defendida por Viviane Reding. «Há alguns anos, quando eu era a Comissária para a Tecnologia, vi que faria muito sentido passar dos velhos tempos “Gutemberg” (risos) para os novos tempos [da Internet], que tornam as coisas mais fáceis para as pessoas. Até tinha um slogan, na altura: «Go online, don’t stand in line (vá online, não fique na fila)», contou a agora Comissária para a Justiça da EU, à margem da visita que fez ao Europe Direct Centre e da sessão de apresentação do projeto «Espaço Cidadão».
«Isto é fácil de dizer, mas grande parte da nossa população não sabe utilizar a Internet. Para as pessoas mais jovens, não é problema. Mas para os mais velhos, é. E se não forem ajudados, sentem-se perdidos. Por isso, precisam de um espaço onde vá e a ajudem. Este tipo de “one stop shop” (loja onde se concentram vários serviços públicos) é algo que precisaremos num período intermédio, até a nova geração crescer», considerou.
Na altura em que a União Europeia tentou implantar os sistemas de governação online, nomeadamente nas áreas da administração pública, saúde e educação, depararam-se com assimetrias entre os países que inviabilizaram a sua execução alargada.
«O ideal seria fazer tudo na Internet, mas é preciso tempo para isso. (…) Este conceito poderá ser replicado noutros países. No Norte da europa, não será tão necessário, porque a população é, no geral, info-incluída. Já no Sul, Centro e Leste da Europa há uma grande parte da população que não é», referiu.
Uma das soluções que se tentou foi «colocar os netos a ensinar os avós, invertendo aquele que é o processo normal». «Temos de encontrar novas formas de tirar partido das novas tecnologias», considerou.
Viviane Reding está esta terça-feira na região para participar na reunião do Partido Popular Europeu, que terá lugar em Albufeira. «Mas, cada vez que estou numa região, gosto de ver com os próprios olhos a forma como os projetos por nós apoiados estão a ser implantados», disse.
Nesta visita, a vice-presidente da Comissão Europeia aferiu a forma como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve faz a aplicação dos fundos que gere, mostrando-se agradada por ver «que estão a ser aplicados em projetos que servem as pessoas e para bem das comunidades e não estão a ser esbanjados».
«Estou muito feliz por verificar a forma que encontraram para preservar a forma de preparar a comida tradicional, porque pode ser um trunfo para o Turismo de alta qualidade, na região», acrescentou.