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Dois grupos de cidadãos algarvios propõem-se a recolher a comida que sobra, ao final do dia, em estabelecimentos de restauração do Algarve, para a colocar na mesa de quem mais precisa. O projeto «Re-food na região algarvia» vai começar em Almancil, concelho de Loulé e em Tunes/Algoz, no concelho de Silves e vai apresentar-se à população em reuniões sementeira nos dias 11 e 12 de abril, respetivamente.

Esta ideia foi lançada em 2011 por Hunter Halder, um norte-americano radicado em Lisboa, que, «apenas com a sua bicicleta e sem qualquer apoio», começou a recolher o que, de outra maneira, seria desperdício e a entregá-lo a pessoas carenciadas do seu bairro. Quem participar nas reuniões de 11 e 12 de abril, poderá ouvir a história deste benemérito na primeira pessoa.

O encontro de Almancil está agendado para as 19h30 de dia 11 de abril, na Escola EB2,3 Dr António de Sousa Agostinho. Em Tunes/Algoz, a reunião sementeira tem lugar a 12 de abril, às 18 horas, no Auditório da Escola EB2,3 de Algoz.

Segundo revelou ao Sul Informação Fátima Piedade, uma das impulsionadoras do projeto em Tunes/Algoz, estas reuniões servirão, essencialmente, «para esclarecer as pessoas».

«Queremos dar a conhecer o projeto pela boca do seu fundador. A partir daí, acreditamos que haja gente a querer associar-se e a tornar-se voluntário», disse.

Uma questão fundamental, já que este é um projeto que assenta 100 por cento no voluntariado. «Já somos alguns, mas quantos mais formos, melhor», ilustrou Fátima Piedade.

Neste momento, ambos os grupos estão na fase de angariação de voluntários e constituição de equipas de trabalho.

O «Re-Food» apresenta-se como «um esforço eco humanitário, 100 por cento voluntário, efetuado para e pelos cidadãos ao nível micro-local, com o objetivo de acabar com a fome nas comunidades locais».

«Ao mesmo tempo, procura acabar com o desperdício de alimentos preparados, reforçando os laços comunitários locais», segundo uma nota enviada pelo projeto «Re-Food na região algarvia».

 

Recolher em restaurantes para entregar a famílias

Na prática, explicou Fátima Piedade, os voluntários do projeto vão procurar criar uma rede de estabelecimentos comerciais onde possam fazer a recolha de alimentos diariamente. «Estamos a falar de cafés, pastelarias, restaurantes e cantinas de hotel. Nos hotéis que servem buffet, ao final do dia, há sempre uma grande quantidade de desperdícios», ilustrou.

Depois de feita a recolha, os alimentos são levados para as bases de operações em Almancil e Algoz, onde é feita a sua «separação pelas diferentes famílias, referenciadas pela junta de freguesia e pela segurança social». Depois, são «acondicionadas com todas as condições de frio, para ser entregues no dia seguinte».

A entrega dos alimentos no próprio dia seria «virtualmente impossível», nomeadamente as refeições completas, pois são recolhidas, em alguns casos, a uma hora mais avançada. «Teremos dois momentos de recolha. No primeiro, iremos aos cafés e pastelarias, que normalmente fecham mais cedo e recolheremos, essencialmente, pão e bolos. Num segundo momento, faz-se a recolha em restaurantes e hotéis», descreveu.

Sempre que possível, serão as famílias apoiadas a ir buscar a sua comida aos centros de operações do «Re-Food». Nos casos de pessoas que não possam, «nomeadamente a população de idade mais avançada», haverá voluntários que se encarregarão de lhes ir entregar a comida.

Esta ideia, frisou Fátima Piedade, visa ser um complemento aos projetos de solidariedade que já existem e «não interfere com nada». Ou seja, uma família que já usufrua de outros apoios, não precisa de abdicar deles, para beneficiar do «Re-Food», desde que esteja referenciada pelas entidades oficiais que colaboram com o projeto.

 

 

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