Portugal foi um país pobre, com um povo esforçado, que aproveitava tudo que pudesse explorar, para sobreviver. Das sobras do almoço, fazia-se a nutritiva sopa do jantar. Até que entrou na UE e vieram subsídios, apoios, QRENS e começaram os desperdícios, o uso do dinheiro de outros para ganhar viagens, amigos e votos.
Hoje, os políticos aqui têm vantagens que nem na pobre Alemanha desfrutam. Na Suécia, eles vão de comboio para encontrar os seus eleitores de sexta-feira a segunda-feira seguinte.
Em Estocolmo, andam de metro e autocarro, para poder falar com o cidadão normal. Vivem em T0 de 18m² durante a semana, lavam a sua roupa numa máquina coletiva na cave, jantam na tasca da esquina, também para encontrar os seus eleitores.
Apesar das enormes riquezas rurais que temos, desprezamo-las.
A pobre Dinamarca tem uma extensão marítima muito menor que a de Portugal, com água fria e peixe pequeno. Mas, como nós, por séculos desenvolveu a pesca artesanal e depois a profissional.
A Dinamarca entrou para a UE uns 15 anos antes de nós e não aceitou desbaratar a frota pesqueira, ao contrário do que ocorreu aqui. Ainda tem escolas profissionais com cursos para este setor, até a manutenção naval.
Lá é fácil alguém obter a permissão para pesca ou para aquacultura. Lá, a indústria atualiza-se e, apesar do custo total de mão-de-obra ser o dobro, exporta arenque e outros pescados. Os nossos hermanos espanhóis têm aquacultura por todo lado. E nós? Lá não há investigação científica, aplica-se o que já foi investigado algures.
Aqui há um bom centro de investigação no Algarve, mas os resultados não se transformam em emprego. Há uma burocracia mórbida. Falta coordenar as exigências entre os Ministérios da Agricultura, da Defesa, do Ambiente e das Finanças, para uma base de dados única, para facilitar, em vez de complicar à empresa familiar.
Querem “criar dificuldades para vender facilidades” – serviços de consultoria dos amigos.
Exatamente como nalguns países africanos chamados de subdesenvolvidos.
Por que não adaptar o modelo dinamarquês?
Jack Soifer é autor dos livros «Como sair da Crise», «Transportes», «Portugal Rural», «Algarve/Alentejo – My Love» e «Ontem e Oje na Economia»