Em junho, o «El País» publicou uma boa tabela sobre os desequilíbrios da Zona Euro. Relembro que, dos 27 membros da UE, só 17 estão nela. Além dos seis fundadores da então CEE, quais são os que mais ganharam com o Euro? Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, Grécia?
A tabela do «El País» mostra a relação défice/dívida pública em % do PIB destes países, + Bélgica e Itália em relação a média da Zona Euro, que já não é boa. A ZE chegará ao fim de 2011 com quase 88% do seu PIB anual comprometido. Muitos se regozijaram com a decisão da UE de prolongar o prazo e aumentar o teto para a Grécia. E esperamos que façam o mesmo a Portugal, que precisará de 180 MM€ e pelo menos 12 anos de prazo.
Estou cético. Os gregos estão fartos do seu governo e da pressão que a UE lhes impôs, a humilhação e um sacrifício que consideram não merecer, pois não foram eles que lucraram com os fáceis empréstimos antes para lá dirigidos. E têm razão, pois a crise foi há muito prevista, eu próprio dela alertei em 11/11/04 no Avezinha, um semanário algarvio. Por que é que os responsáveis pelos Bancos Centrais nada fizeram? Por que é que as agências de rating foram tão afáveis com Grécia e Portugal quando já o deveriam ter rebaixado em 2007?
No início de abril, no Vida Económica, condenei-as. Em junho veio o que há muito eu esperava, mas exagerado e de uma só vez. Não é nem luxo nem lixo! Se não é ciência por que pagar balúrdios a agências apenas para externarem opinião? Opinião escrevo eu de borla em vários jornais. Se notação é um polished guess, então é mais barato ouvir os magos africanos que anunciam no Destak, Metro, etc.
Há países na UE fora do Euro que têm óptimos resultados económicos. Por que é não são publicitados? A Suécia teve um crescimento do PIB de 4,4% em 2010 e prevê chegar aos 4,9 em 2011. O emprego cresceu 0,3%, a construção 13: faltam técnicos e atendentes para telecentros de apoio a clientes. Já vieram a Portugal recrutar jovens engenheiros.
A República Checa, como a Suécia, tem quase a mesma população que Portugal. Lá o crescimento este ano tem sido e se manterá nos +2,2%, emprego +2,1% e construção +4%.
Na Polónia, mais populosa, o PIB cresce 4%, o emprego 3,6%, a construção 11%, esta explicada por uma grande procura real, sem especulação. Em recentes meses há uma média de 1.050 novas empresas registadas por semana.
Por cá, a não ser que sejam feitas substanciais alterações ao memorando da troika, estimo ao fim de 2012 ou início de 2013 um desemprego de 20% que pode chegar aos 24 no Algarve.
E um recuo de 4% no PIB, um grande aumento da criminalidade e da economia paralela. Pois a troika ignorou o rendimento marginal, i.e, quanto mais resta a uma família, após pagar a comida, transporte e renda da casa, no nível mais baixo de rendimento, mais compra produtos locais ou regionais. E no nível mais alto, produtos importados. Sabia que os maiores multiplicadores de cada gasto, os que mais criam emprego, são nos setores de alimentos e reciclagem?
É a Moody’s ou um mago africano que ajuda a troika vencedora? Ou é a política financeira livre na troika SuePolChe, que não está sob o jugo dos Euro-boys?
YES, há alternativa!
Jack Soifer é autor dos livros «Como sair da Crise», «Lucrar na Crise» e «Transportes»