Na área do “Ambiente” – e que pena é que ainda se individualize esta “área”, em vez de ser uma preocupação transversal, incluída nas atitudes quotidianas de todos – é costume dar relevo a projectos de conservação do solo, da água, de ecossistemas, de determinada espécie icónica ou ameaçada.
Apetecendo-me inovar, permito-me, nesse mesmo âmbito, destacar o projecto que acolhe estas linhas.
Um jornal, um projecto de comunicação? Sim. Ainda por cima um jornal generalista, não especializado? Sem dúvida.
Voltando novamente à “cápsula” do mundo ambientalista, existe a plena convicção de que as ideias de sustentabilidade, de preservação ambiental, de mitigação das alterações climáticas, entre tantos outros conceitos “verdes”, são o segredo para um futuro mais equilibrado, saudável, feliz e duradouro para Nós, enquanto espécie.
As evidências científicas e técnicas são por demais evidentes, e irrefutáveis. Além do mais, não termos um Planeta B a que recorrer, caso o suicida Plano A, de exploração dos recursos até à exaustão, que está ainda em curso, falhe…
No entanto, o conceito de que uma ideia correcta se “venderá” por si só não pode estar mais distante da verdade. Esta informação, enclausurada no circuito fechado de cientistas e especialistas, é inútil. Assim sendo, é fundamental que seja desenvolvido um aspecto fundamental a qualquer área da vida em sociedade: a comunicação.
A educação passa pela comunicação, tal como a transmissão de conhecimentos é um processo de comunicação, tal como o é o convívio entre pessoas.
O Ambiente não é excepção. Dirão algumas pessoas que o Ambiente possui canais e espaços próprios de discussão. Ainda bem que assim é! Mas será essa a via que permite que a sociedade em geral, que não tem acesso ao muitas vezes indecifrável (mesmo para técnicos…) vocabulário técnico, interiorize, como precisa de interiorizar, as razões que ditam a necessidade de alteração dos modelos de vida e de exploração dos valores ambientais que nos suportam?
É então cada vez mais fundamental que a discussão dos temas ambientais entre na esfera do “normal”, do “corrente”, de forma integrada e articulada com os restantes temas, sem tabus, sem fundamentalismos, com total abertura de espírito, pois apenas com base num diálogo alargado, informado e descomplexado, conseguiremos encontrar respostas à altura dos tremendos desafios que se colocam já hoje.
Compreendendo a forma como o desbaste de uma área florestal na serra pode provocar cheias na baixa da cidade compreenderemos também, de forma próxima, as implicações da desflorestação e erosão na gestão de risco para pessoas e bens.
Explicitando a relação entre a promoção de uma agricultura próxima das cidades e a redução do custo dos produtos hortícolas explicitamos a importância da integração dos ecossistemas rurais no planeamento da expansão dos núcleos urbanos.
Identificando a relação entre a construção de uma nova estrada e o desaparecimento de determinada espécie, ou a destruição de explorações agrícolas de uma várzea, obtemos um retrato prático dos problemas decorrentes da fragmentação de habitats e inutilização de solos com grande capacidade produtiva.
Os exemplos são praticamente inesgotáveis, na directa proporção das inúmeras ocorrências que preenchem o nosso quotidiano.
Assim sendo, saúda-se este projecto que nasce, com a confiança de que a equipa que lhe dá corpo estará, como já anteriormente provou estar, à altura da tarefa que recai sobre ela.
Informar é também cuidar do Ambiente.
Texto de: Gonçalo Gomes
Nota: O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico