Uma noite eleitoral será sempre uma noite eleitoral. Discursos de vitória e outros de derrota. Uns assumidos e outros porque tem mesmo que ser.
Lagos acordou hoje com a continuidade. Com a certeza, contudo, de que, pelo menos, algum diálogo irá voltar à cidade.
Embora tenha ganho a Câmara Municipal com maioria absoluta, o PS não conseguiu o mesmo resultado na Assembleia Municipal, e isso, por si só, é já uma mensagem de que Joaquina Matos terá que governar com cautela, ouvindo os outros partidos e iniciativas dos cidadãos.
O estilo autoritário de Júlio Barroso, tão presente no atual executivo, terá que ser arquivado, voltando a maioria a ter que fazer de conta que o diálogo é uma ferramenta da democracia.
Já tive algumas oportunidades de falar sobre o que penso sobre a política cultural no concelho de Lagos, urgindo aqui incitar Joaquina Matos a esclarecer, logo que possível, as metodologias que irá usar para por em práticas as ideias soltas inscritas no seu neo-programa.
E se a humildade lhe assistir, seria também muito importante vasculhar os neo-programas eleitorais das outras candidaturas e tentar integrar iniciativas de outros partidos na sua governação, mostrando assim, aos cidadãos, que tem o poder de pensar que o mundo não gira apenas à volta do seu aparelho político, situação a que nos habituámos nos últimos anos.
Uma dessas medidas, que subscrevo integralmente, é a proposta da CDU, que visa desenvolver um plano estratégico para a Cultura na cidade. Assim como noutros sectores, a ação na cultura precisa de ser pensada, estudada e projetada. Sem isso continuaremos a ter uma governação ao sabor do vento, com dispersão de recursos humanos e financeiros e sem impacto a longo prazo.
O desnorte a que foi votada a cidade não pode continuar. É preciso que se tome consciência disso.
Caberá agora à Assembleia Municipal garantir que a governação terá um impacto transversal, utilizando o seu poder fiscalizador. Caberá a todos nós, lembrar-lhes constantemente essa condição.
Governe com os outros, Joaquina Matos!
Boa sorte, Lacobrigenses!
Autor: Jorge Rocha é Artista e Produtor independente