Vivemos numa sociedade em que a aplicação do conhecimento científico é uma constante no nosso dia-a-dia. Imersos em ciência, mesmo que disso não nos apercebamos, é importante conhecê-la. Ter uma cultura geral científica é importante para sermos melhores cidadãos, para podermos ter a nossa própria opinião crítica, para podermos ser livres em democracia. Para além disso, perceber o que é a ciência e como ela funciona, ajuda-nos a compreender melhor o mundo em que vivemos.
Neste contexto, o papel da escola é indispensável enquanto instituição que garante o ensino formal das ciências, permitindo que todos os cidadãos tenham acesso a conceitos básicos sobre como a ciência permite entender o Universo em que existimos.
O ensino da ciência deve estar presente durante a maior parte da escolaridade e começar o mais cedo possível, de preferência logo no pré-escolar.
De facto, é desejável ensinar princípios básicos da ciência na infância e dotar o pensamento das crianças com as bases para uma melhor compreensão futura do conhecimento científico.
As crianças têm uma natural curiosidade para compreender o mundo em que crescem e a ciência ajuda-as a despertar a sua inteligência para descobrir a natureza e como ela funciona. Os comunicadores de ciência são agentes importantes nesta apresentação da ciência às crianças.
O ensino da ciência na escola não deve ficar só pelo ensino das matérias científicas. Deve permitir que os alunos experimentem, saibam como é que a ciência se faz, compreendam o método experimental científico. É importante que os alunos saibam como é que a ciência funciona e avança.
Neste aspeto, a escola deve promover o diálogo entre alunos e cientistas. E estes devem estar abertos a divulgar de forma acessível o seu trabalho científico e disponíveis para falar com os alunos sobre a sua atividade.
Este contacto dá sentido prático ao conhecimento científico que os alunos aprendem na escola. Ao apresentarem a utilidade da sua investigação, os cientistas fertilizam a curiosidade dos jovens, para além de os cativar e incentivar para uma eventual profissão na ciência. A proximidade com os cientistas torna a ciência real, mais humana e emotiva.
Os comunicadores de ciência têm aqui um papel muito importante, uma vez que apresentam um conhecimento de uma forma interdisciplinar e mostram a importância das diferentes disciplinas para o avanço do conhecimento científico.
A comunicação do conhecimento científico é intrínseca à própria ciência. Sem comunicação não há ciência. Também por isso, o ensino escolar da ciência deve, para ficar completo, promover a comunicação entre cientistas e alunos, como se disse. E o papel dos comunicadores de ciência nesta tarefa é essencial, pois constrói a ponte entre as duas comunidades.
É que comunicar ciência é, antes de mais, uma atividade cívica.
Autor: António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 500 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de seis livros de divulgação de ciência: “Íris Científica” (Mar da Palavra, 2005 – Plano Nacional de Leitura),”Caminhos de Ciência” com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), “Silêncio Prodigioso” (Ed. autor, 2012), “Íris Científica 2” (Ed. autor, 2014), “Diálogos com Ciência” (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, “Íris Científica 3” (Ed. autor, 2016).