A 20 de maio de 2012, o então Sr. Presidente da ARS Algarve e pretensiosamente candidato a Presidente do CHA, zurziu, forte e feio, nos anteriores Conselhos de Administração dos hospitais da região, pondo em causa a honestidade, a competência, a dedicação e o profissionalismo de quem saiu. O tiro saiu-lhe pela culatra! A ultrapassagem que se previa consumou-se!
O Centro Hospitalar do Algarve, o chamado CHA, foi apresentado no Hospital do Barlavento Algarvio e, logo aí, as explicações e os argumentos colocados revelaram-se de uma pobreza franciscana.
Não fora a dignidade de alguns profissionais do CHBA e das questões preocupantes então colocadas, e tudo teria sido confrangedoramente mau. As respostas, ou não surgiram, ou foram incipientes ou inqualificáveis. As verdadeiras respostas estão paulatinamente a ser dadas com a destruição do CHBA, tal como previsto em março deste ano.
Um artigo de opinião do autor, publicado no jornal «Barlavento», sob o título «Destruição do CHBA» em 14 de março de 2013, terminava com um alerta – “ACORDAI CIDADÃOS DO BARLAVENTO! ACORDAI AUTARCAS!”.
Pelos vistos foi um alerta sem peso, que não atingiu o alvo e que não mexeu com aqueles que serão os mais prejudicados, naturalmente os utentes. Nem autarcas, nem partidos políticos nem população, reagiram a uma vergonhosa delapidação de um património na região algarvia que se chama – SAÚDE.
Este é o caminho para a destruição do Serviço Nacional de Saúde e muito mais rapidamente do que se previa.
Tudo o que na altura foi escrito está a acontecer e o cidadão comum está já a sentir na pele a falta de cuidados de saúde e sobretudo a dificuldade no acesso ao hospital do Barlavento Algarvio. Tal como se ataca a Constituição Portuguesa e as determinações do Tribunal Constitucional, desprezam-se os rácios internacionais estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde e pelas Ordens Profissionais, quer dos Médicos, Enfermeiros e outros Técnicos.
Como andam aterrorizados os profissionais de saúde da instituição CHBA, agora CHA! Como têm dificuldade em se pronunciar, com receio de serem despedidos já ou passarem para a mobilidade e despedidos depois! E os Serviços de ORL, Oftalmologia, Radiologia e Ortopedia? O que verdadeiramente lhes está a acontecer? O que está a acontecer ao Serviço de Urgência? De novo obras? Com uma política de redução de custos, a fazer obras numa Urgência relativamente nova e funcional? Ou haverá outros interesses com a realização das obras?
Alguns incautos, nomeadamente autarcas e profissionais, deixaram-se enganar e caíram no conto do vigário. A redução de custos tão frequentemente propalada e que tem e terá os seus “custos”, deve-se essencialmente aos cortes nos salários e nas horas extraordinárias dos profissionais de saúde (todos sentem isso nos bolsos), aos cortes nas medicações (já várias vezes comprovados), à redução na quantidade e qualidade nos cuidados prestados aos utentes (façam um inquérito independente e isento à população em geral), ao aumento das taxas moderadoras (é preciso diminuir o acesso aos hospitais públicos e aumentar e melhorar o acesso aos privados, com o fim do SNS).
Nada temos contra a medicina privada. A População envelhecida, depauperada e pobre aumentou muito, e não terá acesso a essa medicina!
O tempo se encarregará de julgar o que está a ser feito. A comunidade e os profissionais já começaram a reconhecer a diferença entre o antes , o agora e o que virá depois, se este ciclo não terminar rapidamente.
A chibata é a palavra de ordem dos capatazes no Serviço Nacional de Saúde e no Algarve a agonia é acintosa e provocadora! E ao contrário do que alguns pensam, está a tocar a todos e de todas as ideologias políticas.
ACORDAI BARLAVENTINOS! ACORDA ALGARVE!
Autor: Luís Batalau é médico pediatra e foi presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio