No dia 15 de maio, a UNWTO publicou que, em 2011, a receita mundial com o turismo ultrapassou 1000 MM€ (trilhão) e que alguns países tiveram os seus gastos duplicados com este setor.
Em 2005, publiquei no semanário algarvio «Avezinha» e em 2006 no «Jornal de Negócios» que não aproveitamos os mercados turísticos emergentes. Nem os nichos mais lucrativos. Daí editei em Janeiros de 2008, o livro «Empreender Turismo de Natureza», seguido pelo «Entrepreneuring Sustainable Tourism». No próximo dia 14 de junho, a Entidade Regional de Turismo do Algarve lança o «Algarve/Alentejo, My L00ve», que repete e atualiza estes nichos.
Os mercados emissores que mais cresceram de 2008 a 2011 são China (110%), Rússia (45%), Brasil (99%), Austrália (54%), Índia (52%), Canadá (28%). O Ministério da Economia há nove anos que insiste nos velhos nichos dos velhos mercados e o resultado aí está: queda na faturação. O turista sol-praia gasta 33€/dia, fora a viagem e o hotel. O turista de natureza, o gastrónomo, o desportista gasta uns 90 a 98€/dia.
Como António Pina, presidente do Turismo do Algarve, muito bem disse há dias num seminário do IDP, Instituto da Democracia Portuguesa, precisamos do sol-praia, golfe e congressos, como bread-butter, mas devemos alargar a oferta.
Ao estudar cada mercado emissor, vemos particularidades vitais para nós no Algarve e em Portugal. Por exemplo, por razões da emigração lusa, a maior parte dos americanos, que gastam muito, ficam pelas ilhas, Lisboa e Norte. Já os canadianos, que cresceram muito, chegam também ao Algarve e Alentejo.
O chinês, mercado que mais cresceu, prefere outros destinos e assim o fará ainda por vários anos. O russo, em anos anteriores ia para a Turquia, Israel e Grécia, mais próximos. Mas os que já lá foram muitas vezes e querem destacar-se dos demais, poderiam vir a Portugal e ao Algarve, se tivéssemos um plano específico para este nicho russo.
O brasileiro vem principalmente para Fátima, Lisboa e Porto. Mas há um grupo cada vez maior de amantes da natureza, que gosta de montanhas e outro que aprecia a culinária, e que poderia melhor desfrutar do Algarve e Alentejo.
Temos a Índia, mercado que continuará a crescer e que tem um carinho especial pela cultura lusa, já que lá estivemos muito cedo e Goa era tema quase diário dos jornais e rádios durante muitos anos. Há uma crescente classe média, que já visitou a França e o Reino Unido e agora procura algo que, como na Rússia, a distinga dos novos-ricos.
Os Saudis gastaram mais 26% em 2011 e continuarão a procurar outros destinos além daqueles onde já sempre vão. Temos uma rica cultura moçárabe no Sul de Portugal, ainda por explorar, em parte bem organizada, como no Alentejo oriental.
O turismo é tão importante para sairmos da recessão que merece um ministério próprio. Com a atual estrutura e equipa, não se gasta um cêntimo a mais, mas é preciso alguém com experiência e muito bom-senso lá no Conselho de Ministros. Ou um Secretário de Estado que rápido consiga mudar o mais do mesmo.
Autor: Jack Soifer é autor dos livros «Empreender Turismo de Natureza», «Portugal Rural» e «Como Sair da Crise»