O cancelamento, pelo Ministério da Cultura, da atribuição do prémio de 500 euros aos melhores alunos das Escolas Secundárias de todo o país é um verdadeiro tiro no pé, dado pelo novo ministro, em quem eu até deposito alguma esperança…
O cancelamento do prémio, perante a chuva de críticas e, sobretudo pelo facto de só ter sido conhecido a dois dias das cerimónias de atribuição, levaram o Ministério a fazer uma espécie de marcha atrás. E assim, parece que não houve de facto cancelamento do prémio, mas antes a sua atribuição não aos alunos mais bem classificados, mas às escolas, para que desenvolvam projetos de apoio a alunos carenciados…
Uma parvoíce completa!
É que, se o Ministro não quer premiar os melhores alunos – porque acha mal que lhes seja dado um incentivo financeiro, porque o Ministério não tem dinheiro (a hipótese mais plausível) ou por outra razão qualquer – deveria ter cancelado simplesmente a atribuição do dinheiro ou então deveria ter esperado para o fazer em relação aos melhores alunos do corrente ano letivo e não aos do ano passado. Assim, à última hora, causou um imenso coro de protestos!
Depois, esta questão de dizer «ah, o dinheiro não vai diretamente para os alunos, mas para as escolas, para projetos de apoio» não convence ninguém.
É que, em qualquer escola há sempre um melhor aluno. Nem que esse aluno tenha 0,1 de média final, se a sua for a melhor média, ele será o aluno mais brilhante da escola.
Por isso, para quê dizer que é um prémio ao mérito do aluno e depois dar o dinheiro à escola? Se é para apoiar projetos sociais, então porque é que o Ministério não atribui diretamente o dinheiro às escolas, sem subterfúgios nem falsos pretextos?
O que vale é que, com este tiro no pé, o ministro Nuno Crato já conseguiu pelo menos uma coisa boa: que a chamada sociedade civil se organizasse e arranjasse maneira de se substituir ao Estado para continuar a premiar o esforço dos melhores alunos das secundárias de todo o país.
A Ordem dos Médicos já disse que vai pagar 10 prémios, enquanto nas redes sociais do Twitter e no Facebook já há um movimento (movimento 500) que está a crescer de minuto a minuto, de pessoas anónimas que querem também contribuir.
Por este andar, às tantas ainda vai sobrar dinheiro!…
Autora: Elisabete Rodrigues, jornalista