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Sul Informação

Portugal: Diáspora desprezada

Jack SoiferPortugal foi um país pobre, com um povo esforçado, que aproveitava tudo que pudesse explorar, para sobreviver. Muitos emigraram e as suas poupanças eram enviadas para cá, o que fazia um importante aporte de moeda estrangeira. Até que entrámos na UE, vieram subsídios, apoios, QRENS e começaram os desperdícios, os tachos, e desprezar os nossos bons contactos no estrangeiro.

A Secretaria de Estado que deveria ouvir os nossos melhores embaixadores, os bons trabalhadores portugueses lá fora, ao contrário, fala para eles. Criaram uma enorme instituição para abrigar os políticos aqui já impopulares, mas aos quais os partidos devem favores. E foram para a AICEP, a ganhar balúrdios, com subsídios para viver em fogos luxuosos, que mesmo os bem sucedidos empresários luso-descentes lá não possuem.

A ‘pobre’ Suécia, com 550 mil emigrantes, 1 em 16 suecos, não tem Secretaria de Estado. A associação Suecos no Mundo vive das quotas dos sócios e uns poucos sponsors.

Ela tem várias formas de ouvir a diáspora, como o Parlamento da Diáspora, no Verão, e reuniões em cada região do mundo. As propostas são analisadas pela direção, que as leva diretamente aos ministros. Assim, já reduziu o imposto que lá pagam os reformados, residentes no estrangeiro. O trabalho de todos, exceto três secretárias, é voluntário, nada custa ao contribuinte.

O ‘pobre’ Brasil, rico em inovações, com poucos cidadãos no estrangeiro, criou, junto a muitos consulados, o Conselho de Cidadania, com voluntários. Eles organizam newsletters, almoços mensais, atividades culturais e apoio ao ensino continuado do cidadão no estrangeiro, com exames pela internet.

Eles são interlocutores entre pessoas simples e os embaixadores, para trazer apoio jurídico, legal e social aos necessitados e ajudá-los a se adaptar ao novo país, manter os laços com as origens e prepararem-se para o regresso.

Estes são excelentes exemplos de como a diáspora pode apoiar a exportação de produtos e serviços e levar mais turistas para as suas terras. É ouvir, mais do que falar, que faz a diferença.

Portugal poderia exportar muito mais, ter mais turistas de alto nível se, AICEP, Regiões de Turismo, etc, tivessem menos funcionários e aproveitassem as férias dos luso-descendentes cá para ouvi-los.

Custa tão pouco, um café, um lanchinho e um pin como os suecos, ou um diploma como os brasileiros, ao reconhecer a importância dos cidadãos voluntários que amam a sua terra.

 

Jack Soifer é autor dos livros «Como sair da Crise», «Transportes», «Portugal Rural», «Algarve/Alentejo – My Love» e «Ontem e Oje na Economia»

 

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