O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Portimão exige «saber a verdade e que se apurem todas as responsabilidades, doa a quem doer». Por isso, João Vasconcelos, em seu nome e do BE, quer ainda «que os culpados sejam punidos, com mão pesada, e os inocentes sejam absolvidos».
É que, salienta João Vasconcelos, em declaração enviada hoje à comunicação social, «à política o que é da política e à justiça o que é da justiça, ou seja, até prova em contrário, enquanto não houver condenação, todos são considerados inocentes e têm direito a se defender com os meios legais à sua disposição».
«Desenganem-se todos aqueles se pensam que o Bloco de Esquerda irá fazer condenações judiciais e em público, até porque, a haver condenações, o grau de culpabilidade dos suspeitos poderá ser diferenciado», acrescenta ainda.
João Vasconcelos considera, porém, que «Portimão e os Portimonenses não mereciam um escândalo e uma vergonha de tamanhas dimensões».
O candidato bloquista diz ainda que «toda esta situação não deverá servir de pretexto para provocar mais despedimentos no concelho, tanto por parte do governo como da Câmara, a juntar à calamidade já existente».
Sublinha ainda que se «estranha o silêncio tanto do Presidente da Câmara, como da candidata do Partido Socialista. Não vale a pena fazer de conta que nada aconteceu, pois não abona nada a favor dos “novos rumos” que devem ser totalmente transparentes a bem dos Portimonenses e do concelho de Portimão».
Quanto às suspeitas de «corrupção, branqueamento, administração danosa, participação económica em negócio e associação criminosa» que incidem sobre cinco pessoas, três das quais ligadas à Câmara de Portimão, João Vasconcelos recordar que «o Bloco de Esquerda sempre criticou duramente a gestão ruinosa e sem rumo do Partido Socialista que detém a Câmara Municipal há quase quatro décadas. O Bloco de Esquerda sempre criticou, com frontalidade e determinação, o desvario da gestão dos últimos Executivos de Câmara PS, em Portimão, onde, já numa época de crise, multiplicou as empresas municipais e as SA para, logo a seguir, fundir quase todo o setor empresarial municipal numa super-empresa, a Portimão Urbis, que passou a deter quase todas as competências da própria Câmara Municipal».
A Portimão Urbis, sublinha o candidato bloquista na sua declaração, «transformou-se num poço sem fundo e num sorvedouro de dezenas e dezenas de milhões de euros financiados pela Câmara, e acabou por funcionar com a principal causadora da grave crise que assola o concelho de Portimão e a principal responsável pela dívida astronómica que se abateu sobre a Câmara. Claro que os últimos Executivos e a maioria política que os sustenta são os verdadeiros responsáveis pela situação a que se chegou».
Por outro lado, frisa, o Bloco de Esquerda também se opôs, «de forma clara, à projetada cidade do cinema que, a coberto de uma desejável reabilitação urbana da parte histórica da cidade, iria provocar a saída dos cofres camarários, através da Portimão Urbis, de muitos milhões de euros – parece que foi o que aconteceu».
«Num período de contra-ciclo, de grave crise económica e social, com milhares de desempregados e muitas pessoas a passar fome e outras situações de carência e dificuldades no concelho, quando a Câmara retirou apoios e subsídios a pessoas e instituições, trata-se de uma situação inadmissível e ultrajante! Há assim que apurar todas a responsabilidades», diz ainda.
Hoje ao meio dia, no salão nobre dos Paços do Concelho, o presidente da Câmara de Portimão Manuel da Luz vai fazer uma declaração pública sobre o caso Portimão Urbis.