A anunciada liquidação, por parte da Câmara Municipal de Portimão, das dívidas aos 479 credores que têm a haver, cada qual, até 50 mil euros, já «vem tarde, muito tarde, para muitos dos credores que hoje já estarão em estado de insolvência, à custa do desvario insano de alguns», considerou o vereador da oposição José Pedro Caçorino, na declaração apresentada na terça-feira, na reunião de Câmara, no período de Antes da Ordem do Dia.
Na passada quinta-feira à noite, na Assembleia Municipal, a presidente da Câmara Isilda Gomes, tal como o Sul Informação noticiou em primeira mão, anunciou que a autarquia pagará até ao fim de Maio um total de 3,6 milhões de euros, permitindo «limpar todas as dívidas abaixo dos 50 mil euros».
José Pedro Caçorino, líder da coligação «Servir Portimão» e principal vereador da oposição ao executivo municipal de maioria socialista, na sua declaração, recordou que «muitos postos de trabalho estarão nesta altura definitivamente perdidos, muito sofrimento foi causado, muita dedicação e trabalho foi ingloriamente desperdiçado», devido aos anos que centenas de empresas têm estado à espera de ver as dívidas da autarquia serem pagas.
O vereador da oposição sublinhou ainda que «o atual executivo já o poderia ter feito [pago] no ano passado, pois segundo, o próprio, poderiam ter recorrido ao PAEL, excluindo o montante dos factorings, sendo que o valor seria então substancialmente superior ao agora anunciado (cerca de 9 milhões de euros)».
Caçorino acrescentou que esta «disponibilidade financeira» da Câmara para pagar os 3,6 milhões de dívidas, «apenas vem provar que o Município seria economicamente viável e teria toda a capacidade para corresponder às funções que lhe competem, caso não tivesse passado pelo desastre que constituiu para os portimonenses a governação socialista da última década».
«Se houvesse necessidade de melhor prova que o demonstrasse, basta, pois, verificar que, terminado o sorvedouro da [empresa municipal ] Urbis, os gastos sumptuosos e uma contenção mínima de despesa, embora sem qualquer investimento ou mera manutenção das infraestruturas, passa a existir de imediato disponibilidade financeira», disse ainda.
O vereador salientou também que «quem causou o monstro da dívida foram os mesmos que agora se travestem de responsáveis, competentes e determinados ou não fosse o Partido Socialista quem tivesse criado este buraco sem fundo e os que agora são responsáveis, antes, não tivessem contribuído com o seu voto para sucessivas aprovações de orçamentos calamitosos».
«Considerando que pouco ou nada tem sido feito para otimizar a alocação de recursos humanos e a organização dos serviços, que se mantém a mesma falta de liderança e de chama deste executivo, a mesma falta de motivação dos seus trabalhadores, facilmente que se imaginar como o Município de Portimão poderia atingir outros patamares de saúde económica. Houvesse determinação, capacidade de liderança e de gestão», conclui o vereador José Pedro Caçorino, dirigente da coligação «Servir Portimão».
Na sexta-feira, em declarações ao Sul Informação, a presidente da Câmara Isilda Gomes tinha adiantado que a autarquia já começou a pagar dívidas em Janeiro, mas o grosso do investimento será feito agora, até ao final de Maio.
A verba a gastar na liquidação destas dívidas provém de receitas próprias da Câmara de Portimão, nomeadamente (e principalmente) da cobrança do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI).